PASTOR CELSO SOARES NETO

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012




































IGREJA PENTECOSTAL VARÕES DE GUERRA

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Situada na Rua João Gomes Cardoso nr 83 Bairro Eldorado Contagem MG
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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O CRISTÃO E O ÁLCOOL. A definição do que é vinho Pode o cristão consumir bebida alcoólica? Para responder à pergunta, devemos, como sempre, recorrer à Bíblia Sagrada. Alguns defensores da idéia de que o vinho pode ser consumido, costumam citar as passagens de Gn 9:20-27, que narra a embriaguês de Noé, e Gn 19:31-38 que conta a história da gravidez das filhas de Ló. No Evangelho de João, 2:1-11, o primeiro milagre público conhecido de Jesus foi a transformação de aproximadamente 500 litros de água em vinho, que fora servido em uma festa de casamento. Teria o próprio Deus incentivado a bebedice que tanto é condenada em outras partes da Sagrada Escritura? Será que, da mesma forma, devemos imaginar que na Santa Ceia instituída por Jesus, o vinho oferecido aos discípulos pelas mãos do próprio Senhor era o vinho alcoólico e embriagante das passagens citadas anteriormente? Antes de discutirmos efetivamente acerca do que as escrituras nos dizem a respeito do vinho, convém compreender o que é o vinho, e como se dá o processo através do qual o mesmo é obtido a partir da uva. Vinho é o nome dado ao suco extraído do sumo de uvas frescas. Esse processo de extração se dá em grandes vasilhas de madeira semelhantes a enormes bacias, chamadas nos tempos bíblicos de “lagares”, onde era realizada a pisa da uva. Nas indústrias modernas, a pisa foi substituída por máquinas que realizam a mesma tarefa. O resultado obtido é um caldo espumoso, ligeiramente adocicado, de forte coloração vermelha escura, de agradável odor e paladar. Este caldo nada mais é do que o puro suco de uva fresco, livre de qualquer processo de fermentação. Há muito tempo, cerca de cinco mil anos antes do nascimento de Cristo, o vinho já existia. Evidentemente, não era produzido em vinícolas, como se faz hoje. A bebida simplesmente surgia depois de algum tempo em que o suco de uva era deixado em contato com ar. Como os homens da época não sabiam explicar a transformação de um suco em algo que proporcionava uma grande sensação de alegria, achavam que a bebida era obra dos deuses. Os antigos egípcios diziam que era o deus Osíris que mandava aquela dádiva para aliviar o sofrimento dos homens na Terra. Mais tarde, os gregos diziam ser um néctar de seu deus Dionísio e os romanos, de seu deus Baco. Porém, ao contrário do que pensavam os povos antigos, o vinho nunca resultou de mágica, mas da ação de um fungo chamado levedura. A levedura é uma espécie microscópica de fungo que vive no ar e que, ao entrar em contato com os alimentos, pode provocar duas reações: a levedação – geralmente nos alimentos sólidos - e a fermentação – nos líquidos. A fermentação, que é a reação provocada pela levedura no vinho, dá à bebida um teor alcoólico. A maneira como isso acontece permaneceu misteriosa até 1860, quando o cientista francês Louis Pasteur demonstrou que não eram os deuses e, sim, a levedura que estava por trás da transformação do suco de uva em vinho. Pasteur observou ao microscópio um pouco de suco de uva deixado em contato com o ar por algum tempo, percebendo a presença do fungo levedura. Fervendo esse mesmo suco, Pasteur conseguiu observar que a fermentação cessava, porque a levedura morria com o calor. Estava provado que esses fungos microscópicos eram os responsáveis pela transformação do suco de uva em vinho. Mais tarde foi descoberto que, no caso do sumo da uva, esses microorganismos, alimentando-se do açúcar natural proveniente da fruta, produzem enzimas que convertem esse açúcar em gás carbônico e álcool. O gás se desprende do líquido, permanecendo apenas o álcool. Podemos dizer então que isto é suco de uva fermentado, ou vinho fermentado. A fermentação desse vinho (chamada de fermentação acética), por sua vez, produz o vinagre. Nesse caso, a transformação não era mais obra da levedura, mas de uma bactéria trazida aos ambientes pela mosca das frutas, a Drosophila. Essa bactéria atua no vinho deixado em contato com o ar e transforma o álcool em vinagre. Mais uma vez foi Pasteur o ator da descoberta. Em 1862, ele foi chamado ao palácio do imperador Luiz Napoleão para saber por que o vinho que a França ia vender a outros países estava azedando – se transformando em vinagre – dentro da garrafa. Sua pesquisa começou com o recolhimento de amostras de vinhos e com a observação delas ao microscópio. O que ele percebeu? Que essas bactérias só sobreviviam e se multiplicavam na presença de oxigênio. Provou isso isolando um pouco de vinho dentro de um tubo de ensaio, sem contato com o ar, e mostrando que ele não alterava seu sabor. Pasteur, então, propôs que as garrafas fossem aquecidas, antes de receber o vinho, para eliminar qualquer microrganismo, e arrolhadas logo depois de cheias, para evitar que a bebida entrasse em contato com o ar. O processo de descontaminar e vedar as embalagens foram aplicados para conservar outros produtos, como o leite e, em homenagem a Louis Pasteur, ficou conhecido como pasteurização. Nos tempos bíblicos não se dispunha das modernas técnicas de observação dos microorganismos utilizada por Pasteur, mas há farta literatura sobre outros métodos utilizados na época para impedir a fermentação do vinho. Escritores romanos antigos explicam com detalhes vários processos usados para tratar o suco de uva recém-espremido, especialmente as maneiras de evitar sua fermentação. A Columela (Da Agricultura, 12.29), sabendo que o suco de uva não fermenta quando mantido frio (abaixo de 10 graus C.) e livre de oxigênio, descreve da seguinte maneira um destes processos de conservação: “Para que o suco de uva sempre permaneça tão doce como quando produzido, siga estas instruções: Depois de aplicar a prensa às uvas, separe o mosto mais novo [i.e., suco fresco], coloque-o num vasilhame (ânforas) novo, tampe-o bem e revista-o muito cuidadosamente com piche para não deixar a mínima gota de água entrar; em seguida, mergulhe-o numa cisterna ou tanque de água fria, e não deixe nenhuma parte da ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora depois de quarenta dias. O suco permanecerá doce durante um ano” (ver também Columela: Agricultura e Árvores; Catão: Da Agricultura). O escritor romano Plínio (século I d.C. Plínio, História Natural, 14.11.83) escreve: “Tão logo tiram o mosto [suco de uva] do lagar, colocam-no em tonéis, deixam estes submersos na água até passar a primeira metade do inverno, quando o tempo frio se instala” Este método deve ter funcionado bem na terra de Israel (ver Dt 8.7; 11.11,12; Sl 65.9-13). Outro método de impedir a fermentação das uvas é fervê-las e fazer um xarope. No próximo artigo da série, estudaremos as ocorrências do Vinho no Antigo testamento. Que a graça e a paz do Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos até lá. O vinho no Antigo Testamento Yayin ou tirosh? No artigo anterior, vimos como é o processo da transformação do sumo da uva em vinho, e algumas técnicas utilizadas nos tempos bíblicos para conservar o suco fresco e impedir que se transformasse em vinho. Agora, veremos o que dizem as escrituras acerca do consumo do vinho, começando, obviamente, pelo Antigo Testamento. No Antigo Testamento, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho”. A primeira palavra, a mais comum, é yayin, usada 141 vezes no Antigo Testamento para indicar vários tipos de vinho, seja fermentado ou não-fermentado. Observe, por exemplo, o texto de Neemias 5:18, que fala “vinho de todas as espécies” . Isto significa que a palavra hebraica yayin a plica-se a todos os tipos de suco de uva, seja ele fermentado ou não: pode se referir ao suco de uva já fermentado e, portanto alcoólico; pode referir-se ao suco doce, não-fermentado, da uva; pode referir-se ao suco fresco da uva espremida e pode, por fim, referir-se ao suco ainda dentro da uva. Desta forma, yayin pode muito bem ser utilizado tanto para o vinho alcoólico quanto para o suco de uva não fermentado. Vejamos algumas ocorrências de yayin no Antigo Testamento: para Vinho fermentado: Gn 9:20,21: Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. Gn 19:31-36 Então, a primogênita disse a mais moça: Nosso pai está velho, e não há homem na terra que venha unir-se conosco, segundo o costume de toda terra. Vem, façamo-lo beber vinho, deitemo-nos com ele e conservemos a descendência de nosso pai. Naquela noite, pois, deram a beber vinho a seu pai, e, entrando a primogênita, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. No dia seguinte, disse a primogênita a mais nova: Deitei-me, ontem, à noite, com o meu pai. Demos-lhe a beber vinho também esta noite; entra e deita-te com ele, para que preservemos a descendência de nosso pai. De novo, pois, deram aquela noite, a beber vinho a seu pai, e, entrando a mais nova, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. E assim as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai. Lv 10:9,10: Vinho ou bebida forte tu e teus filhos não bebereis quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, para fazerdes diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo. Nm 6:3-4: abster-se-á de vinho e de bebida forte; não beberá vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem tomará beberagens de uvas, nem comerá uvas frescas nem secas. Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma que se faz da vinha, desde as sementes até as cascas. 1Sm 25:36,37: Voltou Abigail a Nabal. Eis que ele fazia em casa um banquete, como banquete de rei; o seu coração estava alegre, e ele, já mui embriagado, pelo que não lhe referiu ela coisa alguma, nem pouco nem muito, até ao amanhecer. Pela manhã, estando Nabal já livre do vinho, sua mulher lhe deu a entender aquelas coisas; e se amorteceu nele o coração, e ficou ele como pedra. Is 5:11,12: Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta! Liras e harpas, tamboris e flautas e vinho há nos seus banquetes; porém não consideram os feitos do SENHOR, nem olham para as obras das suas mãos. Is 5:22: Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte. Is 28:1-7: Ai da soberba coroa dos bêbados de Efraim e da flor caduca da sua gloriosa formosura que está sobre a parte alta do fertilíssimo vale dos vencidos do vinho! Eis que o Senhor tem certo homem valente e poderoso; este, como uma queda de saraiva, como uma tormenta de destruição e como uma tempestade de impetuosas águas que transbordam, com poder as derribará por terra. A soberba coroa dos bêbados de Efraim será pisada aos pés. A flor caduca da sua gloriosa formosura, que está sobre a parte alta do fertilíssimo vale, será como o figo prematuro, que amadurece antes do verão, o qual, em pondo nele alguém os olhos, mal o apanha, já o devora. Naquele dia, o SENHOR dos Exércitos será a coroa de glória e o formoso diadema para os restantes de seu povo; será o espírito de justiça para o que se assenta a julgar e fortaleza para os que fazem recuar o assalto contra as portas. Mas também estes cambaleiam por causa do vinho e não podem ter-se em pé por causa da bebida forte; o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, são vencidos pelo vinho, não podem ter-se em pé por causa da bebida forte; erram na visão, tropeçam no juízo. Pv 20:1: O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio. Pv 23:20: Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Pv 23:29-35: Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco. Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se deita no alto do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber. Pv 31:4,5: Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos. Para suco de uva doce não alcoólico: Jr 40:10: Quanto a mim, eis que habito em Mispa, para estar às ordens dos caldeus que vierem a nós; vós, porém, colhei o vinho, as frutas de verão e o azeite, metei-os nas vossas vasilhas e habitai nas vossas cidades que tomastes. Jr 40:12: Então, voltaram todos eles de todos os lugares para onde foram lançados e vieram à terra de Judá, a Gedalias, a Mispa; e colheram vinho e frutas de verão em muita abundância. Jr 48:33: Tirou-se, pois, o folguedo e a alegria do campo fértil e da terra de Moabe; pois fiz cessar nos lagares o vinho; já não pisarão uvas com júbilo; o júbilo não será júbilo. Lm 2:12 Dizem às mães: Onde há pão e vinho? Quando desfalecem como o ferido pelas ruas da cidade ou quando exalam a alma nos braços de sua mãe. A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no Antigo Testamento; essa palavra nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao sumo fresco não-fermentado da videira ainda no cacho de uvas ou o suco doce de uvas recém-colhidas. Algumas ocorrências de tirosh: Is 65:8: Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos e não os destruirei a todos. Dt 11:14: Darei as chuvas da vossa terra há seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite. Pv 3:10: e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares. Joel 2:24: As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo. Há ainda a palavra hebraica shekar, geralmente traduzida por “bebida forte”. Aparece 23 vezes no Antigo Testamento. Esta palavra refere-se, mais comumente, a outras bebidas fermentadas, talvez feitas de suco de fruta de palmeira, de romã, maçã, ou de tâmara. Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes. É interessante perceber que, sempre que o vinho alcoólico e embriagante é citado no Antigo Testamento, é citado pra demonstrar alguma tragédia familiar ou alguma maldição terrível. No próximo artigo, veremos o que o Novo Testamento nos revela sobre o vinho. O vinho no Novo Testamento Jesus consumia vinho alcoólico? Agora que já conceituamos o que é vinho e já estudamos sobre o vinho no Antigo Testamento, vamos ver o que nos diz o Novo Testamento acerca do vinho. A palavra grega mais utilizada para se referir a vinho no Novo Testamento é “oinos”. Quer na Bíblia, quer na literatura secular da época. Esta palavra, assim como a “yayin” do Antigo Testamento, pode referir-se aos dois tipos de suco de uva: o não-fermentado e o fermentado. Prova desta equivalência entre as palavras yayin e oinos é que esta foi exatamente a palavra utilizada pelos eruditos judeus que traduziram o Antigo Testamento do hebraico para o grego. Em todos os lugares onde a palavra yayin aparece no original, aparece a palavra oinos na versão grega. Antes mesmo da era cristã, oinos era utilizada com o significado de suco fresco de uva. Aristóteles, em sua obra Metereologica, Anacreontes, Nicandro e diversos outros autores gregos do período compreendido entre 500 A.C. até os primeiros anos da Era Cristã, utilizam a palavra oinos para se referir ao suco fresco da uva recém espremida. No Novo Testamento, o primeiro milagre realizado por Jesus, segundo o evangelho de João (2:1-11), é a transformação da água em vinho. Daí muitos utilizarem-se levianamente dessa passagem bíblica para justificar que o consumo do álcool não contraria a Palavra do Senhor. Ora, o versículo dez do capítulo dois, deixa claro que o vinho produzido por intermédio do milagre de Jesus só foi servido após todo o vinho reservado para a festa ter sido consumido, quando todos haviam bebido fartamente. Desta forma deveríamos acreditar que era fermentado e, que o primeiro milagre do Deus encarnado, que tanto admoestou para os perigos da embriaguês, foi fornecer pelo menos 500 litros de bebida embriagante para que os convidados que já haviam se fartado a beber se embriagassem ainda mais? Se em 1 Co 6: 9-10 o apóstolo Paulo coloca os bêbados junto dos ladrões e dos adúlteros, como poderia Jesus compactuar com o consumo de álcool ? Também é interessante falar sobre a bebida servida na Ceia do Senhor. Nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas, utilizam a palavra “oinos” para descrever a bebida da Ceia. Os três primeiros Evangelhos empregam a expressão “fruto da vide” (Mateus 26:2924; Marcos 14:25; Lucas 22:18). O vinho não-fermentado é o único “fruto da vide” sem fermentação e, portanto sem álcool. A fermentação altera o fruto da videira. Vinho fermentado não é fruto da vide; não é produzido pela videira. Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando ele e seus discípulos celebravam a Páscoa. A lei da Páscoa em Êxodo 12:14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença de fermento (hebraico seor) ou qualquer agente fermentador tanto no vinho quanto no pão, pois o fermento é o símbolo do pecado nos tempos bíblicos. No mundo antigo, o fermento era obtido da espuma da superfície do vinho quando em fermentação. A fermentação simboliza a corrupção e o pecado (Mateus 16:6-12; 1 Coríntios 5:7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mateus 5:17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa e não teria usado vinho fermentado. O sangue puro de Cristo (Salmos 16:10; Atos 2:27; 13:37) jamais poderia ser representado por algo corrompido e fermentado. O fruto da vide, simbolizando o sangue incorruptível de Cristo é melhor representado por suco de uva não-fermentado (1 Pedro 1:18,19). Desta forma, fica claro que, diante da natureza Santa e incorruptível de Deus é inadmissível supor que o cristão, sob qualquer pretexto e em qualquer circunstância possa fazer uso de bebida alcoólica. A afirmação, hoje em dia comum, de que Jesus produziu em seu milagre vinho fermentado ou mesmo que o tenha utilizado na Santa Ceia que instituiu na páscoa, configuram terríveis blasfêmias. Contraria a revelação bíblica contra a perfeita obediência de Cristo a seu Pai celestial, supor que Ele desobedeceu ao mandamento do Pai: “Não olheis para o vinho, quando se mostra vermelho e se escoa suavemente”, isto é, fermentado (Provérbios 23:31). Outra passagem bíblica que é largamente explorada por aqueles que defendem o consumo das bebidas alcoólicas, está em 1 Tm 5:23 : Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades. Aqueles que defendem o uso da bebida esquecem-se, contudo, de observar o que diz o apóstolo Paulo no capítulo 3 Versículo 3 da mesma epístola, quando aconselha a Timóteo sobre o comportamento daquele que aspira ao episcopado, uma das qualidades destacadas é que o mesmo seja “não dado ao vinho”. É ridícula a afirmação de que o conselho de uso medicinal do vinho dado por Paulo seja desvirtuado para apoiar o consumo de bebidas alcoólicas. Muito pelo contrário, o fato de Paulo precisar recomendar que seu discípulo fizesse uso do vinho e ainda explicar-lhe que tal utilização se daria para fins medicinais indica que Timóteo, homem de Deus versado na Sagrada Escritura e cheio do Espírito Santo de Deus, não utilizava nenhum tipo de vinho. O álcool é responsável pela perda de milhares de vidas todos os anos. Incontáveis tragédias familiares, acidentes de trânsito, brigas, arruaças e toda a sorte de confusões têm sua origem no consumo da bebida alcoólica. Alcoolismo não é doença, apesar de transformar suas vítimas em doentes. Alcoolismo é fruto do pecado. Doença não se compra em garrafas e nem se oferece em festas. Do mesmo modo, doença nenhuma impede qualquer pessoa de entrar no céu, mas o álcool impede. Deus não é Deus de confusão. Não há espaço para a bebida alcoólica num lar cristão. Basta lembrar que para Deus, todos os pecados são iguais. Não existe “pecadinho” nem “pecadão”. A Palavra do Senhor que serve de lâmpada para os pés do justo não deixa margem alguma de dúvida neste assunto. O consumo de bebida alcoólica é pecado, e como tal afasta o homem de Deus e pode invalidar o sacrifício vicário de Cristo na cruz. Não se deixe seduzir. Não se deixe enganar. O cristão NÃO deve jamais consumir qualquer bebida alcoólica, em qualquer quantidade, sob nenhum pretexto. Que Deus nos abençoe a todos! http://www.palavraqueliberta.com.br/exegese/o-cristao-e-o-alcool-3-o-vinho-no-novo-testamento OUTROS ESTUDOS JESUS E O VINHO AS BODAS DE CANÁ Muitos cristãos bem intencionados crêem que o “bom vinho” que Jesus produziu em Caná (João 2:10) foi “bom” por causa de seu elevado teor alcoólico. Esta crença sustenta-se sobre três principais pressupostos. Primeiro, presume-se que os judeus não sabiam como evitar a fermentação do suco de uva; e sendo que a estação do casamento foi pouco antes da Primavera (cf. João 2:13), ou seja, seis meses após a colheita da uva, o vinho utilizado em Caná tinha amplo tempo para fermentar. Em segundo lugar, presume-se que a descrição dada pelo mestre do banquete quanto ao vinho propiciado por Cristo como “o bom vinho” significa um vinho alcoólica de alta qualidade. Em terceiro lugar, presume-se que a expressão “beberam fartamente “ (João 2:10), empregada pelo mestre do banquete, indica que os convidados estavam intoxicados por terem estado bebendo vinho fermentado. Conseqüentemente, o vinho que Jesus fez deve também ter sido fermentado. Em face da importância que essas pressuposições desempenham em determinar a natureza do vinho propiciado por Cristo, examinaremos brevemente cada uma delas. O primeiro pressuposto é desmentido por numerosos testemunhos do mundo romano dos tempos do Novo Testamento que descrevem vários métodos de preservar o suco de uva. Vimos no boletim ENDTIME ISSUES No. 81 que a preservação de suco de uva não-fermentado era em certos aspectos um processo mais simples do que a preservação de vinho fermentado. Destarte, a possibilidade existia de suprir suco de uva não-fermentado na boda de Caná, próximo à estação a Páscoa, uma vez que tal bebida podia ser mantida sem fermentação por todo o ano. “O Bom Vinho”. O segundo pressuposto é de que o vinho que Jesus propiciou foi chamado de “o bom vinho” (João 2:10) pelo mestre do banquete por causa de seu nível elevado de teor alcoólico toma por base o gosto dos bebedores do século vinte que definem um bom vinho em grande medida por seu vigor alcoólico. Isto, porém, não é necessariamente verdadeiro no mundo romano dos tempos neotestamentário, quando os melhores vinhos eram aqueles cuja potência alcoólica havia sido removida por fervura ou filtração. Plínio, por exemplo, declara que os “vinhos são de maior benefício (utilissimum) quando todo o seu vigor havia sido removido pelo filtrador”.1 De modo semelhante, Plutarco assinala que o vinho é “muito mais agradável de se beber” quando “nem inflama o cérebro nem infesta a mente ou as paixões” 2 porque sua força foi removida mediante freqüente filtragem. O Talmude indica que beber sob o acompanhamento de instrumentos musicais em ocasiões festivas, como numa festa matrimonial era proibido.3 Esta última afirmação é confirmada por testemunhos posteriores de rabinos. Por exemplo, o Rabino S. M. Isaac, um destacado rabino do século XIX e editor do The Jewish Messenger, diz: “Os judeus, em suas festas para propósitos sagrados, inclusive a festa matrimonial, jamais empregam qualquer tipo de bebida fermentada. Em suas oblações e libações, tanto em privado como em público, empregado o fruto da vide--ou seja, uvas frescas--suco de uva não-fermentado, e passas, como símbolo de bênção. A fermentação é para eles sempre um símbolo de corrupção”.4 Conquanto a declaração do Rabino Isaac não seja bem exata, uma vez que fontes judaicas não são unânimes quanto ao tipo de vinho a ser empregado durante festivais sagrados, ainda indica que alguns judeus empregavam vinho sem fermento por ocasião de festas matrimoniais. “Beberam Fartamente”. O terceiro pressuposto de que a expressão “beberam fartamente” (João 2:10) indique que os convivas da festa matrimonial estavam intoxicados e assim o “bom vinho” propiciado por Cristo deve também ter sido intoxicante, interpreta e aplica mal o comentário do mestre do banquete, e passa por alto o uso mais amplo do verbo. O comentário em questão não foi feito com referência a essa festa matrimonial em particular, mas à prática geral entre os que promoviam festas: “Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior.”. (João 2:10). Esse comentário faz parte das atividades regulares de um mestre de banquete contratado, antes que ser uma descrição real do estado de intoxicação numa festa em particular. Outra consideração importante é o fato de que o verbo grego methusko, traduzido por alguns como “bem bêbado”, pode também significar “beber livremente”, como vertido na Revised Stardard Version (em inglês), sem qualquer implicação de intoxicação. Em seu artigo sobre este verbo no Theological Dictionary of the New Testament, Herbert Preisker faz notar que “Methuskomai é utilizado sem qualquer julgamento ético ou religioso em João 2:10, em ligação com a regra de que o vinho mais pobre é servido somente quando os convidados tinham bebido bem”.5 Implicações Morais. O verbo methusko em João 2:10 é usado no sentido de saciar. Refere-se simplesmente à grande quantidade de vinho geralmente consumido numa festa, sem qualquer referência a efeitos intoxicantes. Os que insistem de que o vinho utiizado na festa era alcoólico e que Jesus também forneceu vinho alcoólico, conquanto de melhor qualidade, são induzidos à conclusão de que Jesus providenciou-lhes uma grande quantidade adicional de vinho intoxicante de modo a que os convivas da festa matrimonial pudessem dedicar-se a sua plena indulgência. Tal conclusão destrói a integridade moral do caráter de Cristo. A coerência moral requer que Cristo não tivesse produzido miraculosamente entre 120 a 180 galões de vinho intoxicante para uso dos homens, mulheres e crianças reunidos nas bodas de Caná, sem tornar-Se moralmente responsável pela intoxicação deles. A coerência escriturística e moral requerem que o “bom vinho” produzido por Cristo fosse suco de uva recente e não-fermentado. Isto é respaldado pelo próprio adjetivo empregado para descrevê-lo, ou seja, kalos, que denota o que é moralmente excelente, em vez de agathos, que significa simplesmente bom. 6 NOVO VINHO EM ODRES NOVOS A declaração de Cristo de que “vinho novo deve ser posto em odres novos” (Lucas 5:38; Mateus 9:17; Marcos 2:22), é visto pelos moderacionistas como uma indicação de que Jesus recomendou o uso moderado do vinho alcoólico. Este ponto de vista apóia-se no pressuposto de que a frase “vinho novo” significa o vinho recém-esmagado, mas já num estado de fermentação ativa. Tal vinho alega-se, só podia ser colocado em novos odres porque os odres velhos arrebentariam sob pressão. Fermentado Vinho Novo? Esta interpretação popular é muito imaginativa mas de pouco fundamento. Qualquer um familiarizado com a pressão causada pela fermentação causadora de gás sabe que nenhuma recipiente, seja de vidro ou couro, pode resistir à pressão do novo vinho fermentado. Como Alexander B. Bruce assinala, “Jesus não estava pensando absolutamente em vinho fermentado, intoxicante, mas de 'mosto', uma bebida não intoxicante, que podia ser mantida com segurança em recipientes novos de couro, mas não em velhos odres que haviam guardado vinho ordinário antes, porque partícula de matéria albuminóide aderida ao couro produziria a fermentação e desenvolveria o gás com uma enorme pressão”. 7 O único “vinho novo” que podia ser guardado em segurança em novos odres era o mosto não fermentado após ter sido filtrado ou fervido. Columella, o renomado agriculturista romano que foi contemporâneo dos apóstolos, ateste que uma “jarra de vinho novo” era empregada para preservar mosto fresco, não-fermentado. “Para que o mosto permaneça sempre doce como se fosse recente, fazei do modo seguinte: antes que as cascas de uva sejam colocadas sob a prensa, tomai da vasilha uma parte do mosto mais novo possível e colocai-o numa jarra nova [amphoram novam], daí espalhe-o e o cubra cuidadosamente com piche, de modo que nenhuma água seja capaz de introduzir-se”.8 Significado simbólico. Esta interpretação é confirmada mais adiante pelo significado simbólico do que Cristo disse. A imagem do vinho novo em odres novos é uma lição ilustrativa da regeneração. Como Ernest Gordon habilmente explicou, “os odres velhos, com seu sedimento alcoólico, representavam a natureza corrupta dos fariseus. Não podia ser posto o vinho novo do Evangelho neles. Eles poderiam fermentá-lo. “Não vim chamar justos, e sim pecadores”. Mais tarde através de sua conversão transformou os novos recipientes, capazes de reterem o vinho novo sem deteriorá-lo (Mar. 2:15-17, 22). Então, pela comparação do vinho intoxicante com o farisaísmo degenerado, Cristo confidenciou, claramente, qual era a sua opinião de vinho intoxicante”.9 “É bom notar”, continua Ernest Gordon, “como nesta ilustração casual, ele [Cristo] identifica vinho em conjunto com o vinho não fermentado. Vinho fermentado é determinado como não reconhecido. Poderia ser colocado em qualquer tipo de odre, conquanto miserável e corrupto. Mas vinho novo é como pano novo que é muito bom para ser usado no conserto de trapos. É algo limpo e saudável, exigindo um recipiente limpo. O modo natural no qual esta ilustração é usada, sugere, pelo menos, um entendimento geral e realista entre seus ouvintes judeus de que o verdadeiro fruto da videira, o vinho bom, seria não fermentado”.10 O VINHO VELHO É MELHOR? Em Lucas, a afirmação de Cristo sobre vinho novo em odres novos é seguida por uma declaração semelhante, todavia diferente: “E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom” (Lucas 5:39). Embora este texto não seja encontrado nos outros evangelhos, faz parte integrante da narrativa. Os moderacionistas atribuem fundamental importância a essa declaração porque contém, na visão deles, uma clara recomendação de Cristo ao vinho alcoólico. Kenneth L. Gentry, por exemplo, fala da “quase universal prevalência da preferência do vinho velho (fermentado) sobre o novo (pré ou não-fermentado) entre os homens. O Senhor mesmo fez referência a essa valorização entre os homens, em Lucas 5:39: ‘E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom’”.11 O Significado de “Vinho Novo”. A frase “vinho novo-oinos neos” é usado na Septuaginta (a tradução para o grego do Velho Testamento), para traduzir tanto vinho fermentado em Jó 32:19, como o suco de uva não fermentado em Isaías 49:26. Em traduções posteriores o hebraico asis é o que designa suco de uva não fermentado. Na passagem em consideração é legítimo deduzir que “vinho novo” tem o mesmo significado que em todas as passagens, porque ele é usado, consecutivamente, sem nenhuma insinuação à mudança de significado. As metáforas de ambos, dizem, são usadas sem confusão ou contradição. Este termo “vinho novo” do verso 38 é, como mostrado claramente, o mesmo que deve ser verdade do “vinho novo” do verso 39. Significado de “Vinho Velho”. Antes de discutir se Cristo expressou ou não um julgamento da qualidade superior do “vinho velho” sobre o “vinho novo”, é importante determinar se o “vinho velho”, referia-se ao fermentado ou ao não-fermentado. Do ponto de vista da qualidade, a idade “melhora” o sabor não só do fermentado, mas também do suco de uva não-fermentado. Conquanto nenhuma mudança química ocorra, o suco de uva adquire um sabor mais refinado sendo conservado, pois partículas finas e delicadas separam-se da matéria albuminosa e outras sedimentações. Assim, o “vinho velho” considerado bom, poderia referir-se ao suco de uva preservado e melhorado pela idade. O contexto, porém, favorece o significado de vinho fermentado, uma vez que Cristo utilizou a metáfora do “vinho velho” para representar as velhas formas de religião, e o “vinho novo” para as novas formas de vida religiosa que Ele ensinava e inaugurava. Neste contexto, o vinho velho fermentado representa melhor as formas corruptas da velha religião farisaica. O “Vinho Velho” é Melhor? À luz desta conclusão resta determinar se Cristo, através dessa declaração, está expressando um juízo de valor da superioridade do “vinho velho” (fermentado) sobre o “vinho novo” (não fermentado). Uma leitura cuidadosa destes textos indica que quem diz “o velho é bom” não é Cristo, mas alguém que tenha bebido o “vinho velho”. Em outras palavras, Cristo não está expressando Sua própria opinião, mas a opinião daqueles que adquiriram um gosto por vinhos velhos. Ele disse, simplesmente, que alguém que tivesse adquirido gosto por vinhos velhos não gostaria do novo. Sabemos ser este o caso. Beber bebida alcoólica gera um apetite por bebidas estimulantes e não por sucos sem álcool. A declaração de Cristo não representa Sua aprovação da superioridade do vinho velho fermentado. Vários comentaristas enfatizam este ponto. No seu comentário sobre o evangelho de Lucas, Norval Geldenhuys diz: “O ponto aqui não tem nada a ver com a comparação do vinho velho com o novo, mas refere-se à predileção pelo vinho velho no caso daqueles que estão acostumados a bebê-lo”.12 R. C. H. Lenski declara a mesma verdade muito sucintamente: “Não foi Jesus que chamou o vinho velho de ‘bom o bastante’, mas aquele que o bebeu. Uma porção de vinho velho é, decididamente mau, porque não foi preparado convenientemente; a idade é uma coisa, excelência pela idade é bem outra”.13 O Contexto do “Vinho Velho”. A opinião de que o vinho velho fermentado é melhor que o vinho novo, seria falsa mesmo que todos na terra cressem nisso! E na passagem que estamos isso é contraditado pelo contexto em que ocorre e pelo propósito integral da ilustração. No contexto imediato Jesus emprega a mesma palavra (palaios) quanto a roupas velhas, que Ele, obviamente, não consideraria melhores do que as novas. A declaração sobre “vinho velho” parece contradizer a anterior sobre “roupas velhas”, mas a contradição desaparece quando se compreende o propósito da ilustração. O propósito da ilustração não é elogiar a superioridade do vinho velho, mas advertir contra um exagero das velhas formas de religiosidade promovida pelos fariseus. A religiosidade consistia, como indicado no verso 33, no cumprimento de práticas ascéticas externas tais como os freqüentes jejuns e as orações públicas. Para justificar o fato de que Seus discípulos não aderiam às formas externas de religiosidade, Cristo usou quatro ilustrações: os convidados do casamento que não jejuam na presença do noivo (vv 34-35); roupas novas não eram usadas como retalho em roupas velhas (v. 36); o vinho novo não era colocado em odres velhos (vv. 37-38); vinho novo não era apreciado por aqueles acostumados a beber vinho velho (v. 39). O propósito comum de todas as quatro ilustrações é ajudar as pessoas acostumadas com as velhas formas de religião, e alheias à nova forma de vida religiosa ensinada por Cristo, a perceberem que o velho parece bom apenas para aqueles que não estão acostumados com o novo, que é propriamente o melhor. Neste contexto, o vinho velho fermentado parece bom apenas para quem que não sabe que o vinho novo é o melhor. FOI JESUS UM GLUTÃO E BÊBADO? Mais de dezenove séculos atrás, Jesus foi acusado de ter sido um “glutão e um bêbado”, porque Ele veio “comendo e bebendo” (Luc. 7:33; Mat. 11:19). Moderacionistas encontraram na descrição de Jesus de Seu próprio estilo de vida de “comer e beber” (Mat. 11:19; Luc. 7:34) uma prova indiscutível de que Ele admitia, abertamente, usar vinho alcoólico. Além disso, discute-se que Jesus deve ter bebido vinho alcoólico para Seus críticos acusá-lo de Ser um “bêbado”. Estilo de Vida Social. Esta interpretação ignora várias considerações importantes. A frase “comendo e bebendo” é usada como idiomatismo para descrever a diferença entre o estilo de vida social de Jesus e o de João Batista. João veio “não comendo pão, nem bebendo vinho” (Luc. 7:33), para dizer, que ele viveu um estilo de vida de completo isolamento, e que Cristo veio “comendo e bebendo”, para dizer, que Ele viveu um estilo de vida social de livre associação. Nenhuma Menção de “Vinho”. Um ponto significativo passado por alto freqüentemente é que Jesus não mencionou “vinho” na descrição de Seu próprio estilo de vida. Enquanto que de João Batista, Jesus disse que ele veio “não comendo pão, nem bebendo vinho”, de Si mesmo Ele disse simplesmente: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe”. Se Jesus procurasse ser conhecido, ao contrário de João Batista, então poderia ter repetido a palavra “vinho” por causa da ênfase e clareza. Por recusar especificar quais os tipos de alimentos ou bebidas que consumia, Cristo poderia ter desejado privar Seus críticos de qualquer base para sua acusação de glutonaria e embriaguez. A omissão de “pão” e “vinho” na segunda declaração (Mateus os omite em ambas as declarações) bem poderia ter sido planejado para expor a falta de sentido da acusação. Em outras palavras, Jesus parece dizer: “Meus críticos me acusam de ser um glutão e bêbado, só porque Eu não tomo alimento sozinho, mas como freqüentemente na presença de outras pessoas. Eu como socialmente. Mas meus críticos, de fato, não sabem o que Eu como”. Mesmo supondo que Seus críticos realmente vissem Jesus bebendo alguma coisa, eles poderiam tê-Lo acusado de ser um bêbado, mesmo que o vissem bebendo suco de uva, ou até água. No dia de Pentecostes os críticos acusaram os apóstolos de estarem bêbados com suco de uva (gleukos--Atos 2:13). Isto mostra que não importava o que Jesus tivesse bebido, Seus críticos inescrupulosos O caluniariam como um bêbado. Acusação Crítica Perigosa. Deduzir que Jesus devia ter bebido vinho porque Seus críticos O acusaram de ser um “bêbado”, significaria aceitar como verdade as palavras dos inimigos de Cristo. Em outras duas ocasiões seus críticos acusaram Jesus: “Tens demônio” (João 7:20; 8:48). Se acreditarmos que Cristo bebeu vinho alcoólico porque Seus críticos O acusaram de ser um bêbado, então teríamos também que acreditar que Ele tivesse demônio. O absurdo de tal raciocínio mostra que aceitar as acusações desses críticos não é uma base segura para definir o ensinamento bíblico. Jesus respondeu a este ataque sem base de Seus críticos: “Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos” (Luc 7:35). A evidência textual divide-se entre “filhos” e “obras”, mas o significado dessa obscura declaração permanece a mesma, a saber, que a sabedoria é para ser julgada pelos seus resultados. A sabedoria de Deus é vindicada pelas boas obras que elas geram. Assim, deduzir na base das alegações de Seus críticos de que Jesus bebeu vinho mostra completa falta de sabedoria. Os resultados de Sua vida de abnegação falam por si mesmos. O VINHO COMUM A importância fundamental é atribuída ao “vinho” da Última Ceia porque Cristo não apenas o usou, mas do mesmo modo ordenou que fosse usado até o fim dos tempos como memorial de Seu sangue redentor (Mat. 26:28-29; Mar. 14:24-25). Acredita-se amplamente que o vinho da Última Ceia era alcoólico por duas principais razões: (1) a frase “fruto da videira” é uma expressão figurativa que era usada como equivalente funcional de vinho fermentado, e (2) os judeus supostamente usariam apenas vinho fermentado na Páscoa. Esta crença é desacreditada por várias importantes considerações. “O Fruto da Videira”. A linguagem da Última Ceia é significativa. Em todos os evangelhos sinóticos Jesus chama o conteúdo da taça de “o fruto da videira” (Mat. 26:29; Mar. 14:25 e Luc. 22:18). O substantivo “fruto” (gennema) denota que é o produto em estado natural, da mesma maneira em que foi apanhado. Vinho fermentado não é o “fruto da videira” natural, mas o fruto da fermentação não natural e decadente. O historiador judeu Flávio Josefo, que foi contemporâneo dos apóstolos, chama explicitamente, os três cachos de uvas frescas prensados numa taça pelo mordomo do Faraó como “o fruto da videira”.14 Isto estabelece que a frase era usada, inequivocamente, para designar a doçura do suco de uva não fermentado. Se o conteúdo do cálice era de vinho alcoólico, Cristo dificilmente poderia ter dito: “Bebei dele todos” (Mat. 26:27; cf Mar. 14:23; Luc. 22:17), especialmente em vista do fato de que na Páscoa um típico cálice de vinho não continha apenas um gole de vinho, mas aproximadamente meio litro.15 Cristo dificilmente poderia ter ordenado a “todos” os Seus seguidores para beberem o cálice, se este contivesse vinho alcoólico. Há alguns para os quais o álcool, em qualquer forma, é muito prejudicial. Crianças novas que participarem à mesa do Senhor, certamente não deveriam tocar vinho. Há aqueles aos quais o simples gosto ou o cheiro do álcool desperta um latente desejo por álcool. Poderia Cristo que nos ensinou a orar “livra-nos da tentação”, ter feito de Seu memorial à mesa um lugar de irresistível tentação para alguém e de perigo para todos? O vinho da Ceia do Senhor nunca pode ser tomado livre e festivamente na medida em que seja alcoólico e intoxicante. A Lei da Fermentação. Apoio adicional para a natureza do vinho não-fermentado da Comunhão é provido pela lei mosaica que requeria a exclusão de todos os artigos fermentados durante a festa da Páscoa (Êx. 12:15; 13:6,7). Jesus compreendia o significado da letra e do espírito da lei mosaica relativos às “coisas não fermentadas”, como indicado por Sua advertência contra “o fermento dos fariseus e dos Saduceus”. (Mat. 16:6). “Fermento” para Cristo representava a natureza e ensinamentos corruptos, como os discípulos depois entenderam (Mat. 16:12). A consistência e beleza do simbolismo do sangue não pode ser adequadamente representado pelo vinho fermentado, o qual é posto na Bíblia como depravação humana e indignação divina. Não podemos conceber a Cristo curvando-se para abençoar com oração de graças um cálice que contivesse vinho alcoólico, sobre que a Bíblia nos adverte para não olharmos (Prov. 23:31). Um cálice que intoxica é um cálice de maldição e não “o cálice da bênção” (I Cor. 10:16); é “o cálice dos demônios” e não o “cálice do Senhor” (I Cor 10:21); é um cálice que não pode simbolizar adequadamente a incorruptibilidade e o “precioso sangue de Cristo” (I Ped. 1:18-19). Isto dá razão para acreditarmos que o cálice que Ele “abençoou” e deu a Seus discípulos não continha qualquer “coisa fermentada” proibida pela Escritura. Testemunhos Históricos. Testemunhos históricos de judeus e cristãos apóiam o uso do vinho não- fermentado na Páscoa/Ceia do Senhor. Louis Ginzberg (1873-1941), respeitado estudioso do Talmude que por quase 40 anos foi presidente do Departamento de Estudos Rabínicos e Talmúdicos do Seminário Teológico Judaico da América, proveu o que talvez seja a mais exaustiva análise das referências do Talmude relativas ao uso do vinho nas cerimônias religiosas judaicas. Ele conclui sua investigação dizendo: “Temos provado, assim, com base em passagens principais tanto do Talmude da Babilônia como de Jerusalém, que o vinho não-fermentado pode ter sido usado lekatehillah (opcionalmente) por Kiddush [a consagração de um festival por meio de um cálice de vinho] e outras cerimônias religiosas do lao de fora do templo”.16 A conclusão de Ginzberg é confirmada pela The Jewish Encyclopedia. Comentando sobre o tempo da Última Ceia, ele disse: “De acordo com os evangelhos sinópticos, pareceria que na quinta-feira à tarde da última semana de sua vida, Jesus com seus discípulos entrou em Jerusalém para comer a refeição da Páscoa com eles na cidade sagrada; se for assim, o pão e o vinho da missa ou serviço de comunhão instituído então por ele como um memorial, seria o pão sem fermento e o vinho não-fermentado do serviço de Seder”.17 O costume do uso do vinho não-fermentado na Páscoa sobreviveu através dos séculos não apenas entre alguns judeus, mas também entre certos grupos de cristãos e igrejas. Por exemplo, os apócrifos de Atos e Martítio do Apóstolo São Mateus, circulou no terceiro século, como uma voz celestial instruindo ao bispo local, Plato, dizendo: “Leia o evangelho e traga um pão sagrado como oferta; e após prensar os três cachos da vinha dentro da taça, comunique-se comigo, como o Senhor Jesus mostrou-nos como ofertar quando Ele subiu da sepultura no terceiro dia”.18 Este é um testemunho claro do uso do suco de uva recém prensado na celebração da Última Ceia. A prática de prensar uvas preservadas diretamente dentro da taça de comunhão foi confirmada por concílios, papas e teólogos, inclusive Tomás de Aquino ( 1225-1274 AD).19 O uso de vinho não-fermentado é bem documentado, especialmente, entre as Igrejas Orientais como a Igreja da Abissínia, a Igreja Nestoriana da Ásia Ocidental, os cristãos de São Tomás na Índia, os monastérios Cópticos no Egito e os cristãos de São João na Pérsia, os quais celebravam a Ceia do Senhor com vinho não fermentado ou feito com uvas frescas ou secas.20 CONCLUSÃO À luz das considerações anteriores, concluímos que “o fruto da vide” que Jesus ordenou ser usado como memorial de Seu sangue redentor não era fermentado, já que na Escritura fermento representa a corrupção humana e a indignação divina, mas o não-fermentado e puro suco de uva, como emblema adequado do sangue de Cristo não contaminado, derramado para a remissão de nossos pecados. A afirmação de que Cristo usou e sancionou o uso de bebidas alcoólicas repousa em suposições não fundamentadas, fora do texto, contexto e sem apoio histórico. A evidência que foi submetida, indica que Jesus absteve-se de toda substância intoxicante e não deu autorização aos Seus seguidores para que eles próprios não as usassem. Podemos seguir o exemplo de Jesus pela abstinência de qualquer substância que intoxique nosso corpo e prejudique nossa mente. NOTAS 1. Plínio, Natural History 23, 24, trans. W. H. S. Jones, The Loeb Classical Library (Cambridge, Massachusetts, 1961). 2. Plutarco, Symposiac 8, 7. 3. Ver Sotah 48a; também Mishna Sotah 9, 11. 4. Citado em William Patton, Bible Wines. Laws of Fermentation (Oklahoma City, s.d.), pág. 83. Ênfase acrescentada. 5. Herbert Preisker, “Methe, Methuo, Methuskomai”, Theological Dictionary of the New Testament, ed. Gerhard Kittel (Grand Rapids, 1967), vol. 4, pág. 547, ênfase acrescentada. 6. “Deve-se observar”, assinala Leon C. Field, “que o adjetivo usado para descrever o vinho produzido por Cristo não é agathos, bom, simplesmente, mas kalos, que é moralmente excelente ou adequado. O termo é sugestivo da caracterização de Theofrasto de vinho não intoxicante como moral (ethikos)” (Oinos: A Discussion of the Bible Wine Question [New York, 1883], pág. 57). 7. Alexander Balman Bruce, The Synoptic Gospels in The Expositor's Greek Testament (Grand Rapids, 1956), pág. 500. 8. Columella, On Agriculture 12, 29. 9. Ernest Gordon, Christ, the Apostles and Wine. An Exegetical Study (Philadelphia, 1947), pág. 20. 10. Ibid., pág. 21. 11. Kenneth L. Gentry, The Christian and Alcoholic Beverages (Grand Rapids, 1986), pág. 54. 12. Norval Geldenhuys, “Commentary on the Gospel of Luke”, The New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids, 1983), pág. 198. 13. R. H. Lenski, The Interpretation of St. Luke's Gospel (Columbus, Ohio, 1953), pág. 320. 14. Josephus, Antiquities of the Jews 2, 5, 2. 15. Segundo J. B. Lightfoot, cada um das quatro taças da Páscoa continha “não menos do que a quarta parte de um hin, além de água para misturar com ele” (The Temple-Service and the Prospect of the Temple [Londres, 1833], pág. 151). Um hin continha doze pints inglesas, de modo que quatro taças resultariam em três quartos de um pint cada. 16. Louis Ginzberg, “A Response to the Question Whether Unfermented Wine May Be Used in Jewish Ceremonies”, American Jewish Year Book 1923, pág. 414. 17. The Jewish Encyclopedia, edição de 1904, s. v. “Jesus”, vol. 5, pág. 165. 18. “Acts and Martyrdom of St. Matthew the Apostle”, eds. Alexander Roberts and James Donaldson, The Ante-Nicene Fathers (Grand Rapids, 1978), vol. 8, págs. 532-533. 19. Para referências e discussão, ver Wine in the Bible, págs. 168-169. 20. Informação sobre essas igrejas é fornecida por G. W. Samson, The Divine Law as to Wines (Nova York, 1880), págs. 205-217. Ver também Leon C. Field, Oinos: A Discussion of the Bible Wine Question (Nova York, 1883), págs. 91-94; Frederic R. Lees and Dawson Burns, The Temperance Bible-Commentary (Londres, 1894), págs. 280-282. Samuele Bacchiocchi, Ph. D. (*) Professor Jubilado de Teologia e História Eclesiástica Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, EUA Traduzido por Prof. Azenilto G. Brito (*) Ministério Sola Scriptura [Não confundir com solascriptura-tt] (*) Nota de Hélio de M. Silva: Esta pessoa é ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, seita combatida por nós neste site. O fato de citarmos as palavras de alguém não necessariamente significa que temos a mínima identificação com seu autor em áreas outras que o principal assunto da citação. Neste caso, discordamos radicalmente e estamos em campos de batalha opostos, quanto a áreas extremamente importantes. Somente estamos usando as palavras dessa pessoa por ela bem atacar um grave erro. Leia nossa posição em http://solascriptura-tt.org/ConfissaoDoutrina


O CRISTÃO E O ÁLCOOL.
A definição do que é vinho
Pode o cristão consumir bebida alcoólica?
Para responder à pergunta, devemos, como sempre, recorrer à Bíblia Sagrada. Alguns defensores da idéia de que o vinho pode ser consumido, costumam citar as passagens de Gn 9:20-27,  que narra a embriaguês de Noé, e Gn 19:31-38 que conta a história da gravidez das filhas de Ló.
No Evangelho de João, 2:1-11, o primeiro milagre público conhecido de Jesus foi a transformação de aproximadamente 500 litros de água em vinho, que fora servido em uma festa de casamento. Teria o próprio Deus incentivado a bebedice que tanto é condenada em outras partes da Sagrada Escritura?
Será que, da mesma forma, devemos imaginar que na Santa Ceia instituída por Jesus, o vinho oferecido aos discípulos pelas mãos do próprio Senhor era o vinho alcoólico e embriagante das passagens citadas anteriormente?
Antes de discutirmos efetivamente acerca do que as escrituras nos dizem a respeito do vinho, convém compreender o que é o vinho, e como se dá o processo através do qual o mesmo é obtido a partir da uva.
Vinho é o nome dado ao suco extraído do sumo de uvas frescas. Esse processo de extração se dá em grandes vasilhas de madeira semelhantes a enormes bacias, chamadas nos tempos bíblicos de “lagares”, onde era realizada a pisa da uva. Nas indústrias modernas, a pisa foi substituída por máquinas que realizam a mesma tarefa. O resultado obtido é um caldo espumoso, ligeiramente adocicado, de forte coloração vermelha escura,  de agradável odor e paladar. Este caldo nada mais é do que o puro suco de uva fresco, livre de qualquer processo de fermentação.
Há muito tempo, cerca de cinco mil anos antes do nascimento de Cristo, o vinho já existia. Evidentemente, não era produzido em vinícolas, como se faz hoje. A bebida simplesmente surgia depois de algum tempo em que o suco de uva era deixado em contato com ar. Como os homens da época não sabiam explicar a transformação de um suco em algo que proporcionava uma grande sensação de alegria, achavam que a bebida era obra dos deuses. Os antigos egípcios diziam que era o deus Osíris que mandava aquela dádiva para aliviar o sofrimento dos homens na Terra. Mais tarde, os gregos diziam ser um néctar de seu deus Dionísio e os romanos, de seu deus Baco.
Porém, ao contrário do que pensavam os povos antigos, o vinho nunca resultou de mágica,  mas da ação de um fungo chamado levedura. A levedura é uma espécie microscópica de fungo que vive no ar e que, ao entrar em contato com os alimentos, pode provocar duas reações: a levedação – geralmente nos alimentos sólidos -  e a fermentação – nos líquidos.
A fermentação, que é a reação provocada pela levedura no vinho,  dá à bebida um teor alcoólico. A maneira como isso acontece permaneceu misteriosa até 1860, quando o cientista francês Louis Pasteur demonstrou que não eram os deuses e, sim, a levedura que estava por trás da transformação do suco de uva em vinho. Pasteur observou ao microscópio um pouco de suco de uva deixado em contato com o ar por algum tempo, percebendo a presença do fungo levedura. Fervendo esse mesmo suco, Pasteur conseguiu observar que a fermentação cessava, porque a levedura morria com o calor. Estava provado que esses fungos microscópicos eram os responsáveis pela transformação do suco de uva em vinho. Mais tarde foi descoberto que, no caso do sumo da uva, esses microorganismos, alimentando-se do açúcar natural proveniente da fruta, produzem enzimas que convertem esse açúcar em gás carbônico e álcool. O gás se desprende do líquido, permanecendo apenas o álcool. Podemos dizer então que isto é suco de uva fermentado, ou vinho fermentado. A fermentação desse vinho (chamada de fermentação acética), por sua vez, produz o vinagre. Nesse caso, a transformação não era mais obra da levedura, mas de uma bactéria trazida aos ambientes pela mosca das frutas, a Drosophila. Essa bactéria atua no vinho deixado em contato com o ar e transforma o álcool em vinagre.
Mais uma vez foi Pasteur o ator da descoberta. Em 1862, ele foi chamado ao palácio do imperador Luiz Napoleão para saber por que o vinho que a França ia vender a outros países estava azedando – se transformando em vinagre – dentro da garrafa. Sua pesquisa começou com o recolhimento de amostras de vinhos e com a observação delas ao microscópio. O que ele percebeu? Que essas bactérias só sobreviviam e se multiplicavam na presença de oxigênio. Provou isso isolando um pouco de vinho dentro de um tubo de ensaio, sem contato com o ar, e mostrando que ele não alterava seu sabor.
Pasteur, então, propôs que as garrafas fossem aquecidas, antes de receber o vinho, para eliminar qualquer microrganismo, e arrolhadas logo depois de cheias, para evitar que a bebida entrasse em contato com o ar. O processo de descontaminar e vedar as embalagens foram aplicados para conservar outros produtos, como o leite e, em homenagem a Louis Pasteur, ficou conhecido como pasteurização.
Nos tempos bíblicos não se dispunha das modernas técnicas de observação dos microorganismos utilizada por Pasteur, mas há farta literatura sobre outros métodos utilizados na época para impedir a fermentação do vinho. Escritores romanos antigos explicam com detalhes vários processos usados para tratar o suco de uva recém-espremido, especialmente as maneiras de evitar sua fermentação.  A Columela (Da Agricultura, 12.29), sabendo que o suco de uva não fermenta quando mantido frio (abaixo de 10 graus C.) e livre de oxigênio, descreve da seguinte maneira um destes  processos de conservação:
“Para que o suco de uva sempre permaneça tão doce como quando produzido, siga estas instruções: Depois de aplicar a prensa às uvas, separe o mosto mais novo [i.e., suco fresco], coloque-o num vasilhame (ânforas) novo, tampe-o bem e revista-o muito cuidadosamente com piche para não deixar a mínima gota de água entrar; em seguida, mergulhe-o numa cisterna ou tanque de água fria, e não deixe nenhuma parte da ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora depois de quarenta dias. O suco permanecerá doce durante um ano”
(ver também Columela: Agricultura e Árvores; Catão: Da Agricultura). O escritor romano Plínio (século I d.C. Plínio, História Natural, 14.11.83) escreve:
“Tão logo tiram o mosto [suco de uva] do lagar, colocam-no em tonéis, deixam estes submersos na água até passar a primeira metade do inverno, quando o tempo frio se instala”
Este método deve ter funcionado bem na terra de Israel (ver Dt 8.7; 11.11,12; Sl 65.9-13).  Outro método de impedir a fermentação das uvas é fervê-las e fazer um xarope.
No próximo artigo da série, estudaremos as ocorrências do Vinho no Antigo testamento. Que a graça e a paz do Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos até lá.


O vinho no Antigo Testamento

Yayin ou tirosh?
No artigo anterior, vimos como é o processo da transformação do sumo da uva em vinho, e algumas técnicas utilizadas nos tempos bíblicos para conservar o suco fresco e impedir que se transformasse em vinho. Agora, veremos o que dizem as escrituras acerca do consumo do vinho, começando, obviamente, pelo Antigo Testamento.

No Antigo Testamento, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho”.  A primeira palavra, a mais comum, é yayin, usada 141 vezes no Antigo Testamento para indicar vários tipos de vinho, seja fermentado ou não-fermentado.  Observe, por exemplo, o texto de Neemias 5:18, que fala “vinho de todas as espécies” . Isto significa que a palavra hebraica yayin a plica-se a todos os tipos de suco de uva, seja ele fermentado ou não: pode se referir ao suco de uva já fermentado e, portanto alcoólico; pode referir-se ao suco doce, não-fermentado, da uva; pode referir-se ao suco fresco da uva espremida e pode, por fim, referir-se ao suco ainda dentro da uva. Desta forma, yayin pode muito bem ser utilizado tanto para o vinho alcoólico quanto para o suco de uva não fermentado.
Vejamos algumas ocorrências de yayin no Antigo Testamento:
para Vinho fermentado:
Gn 9:20,21:
Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda.
Gn 19:31-36
Então, a primogênita disse a mais moça: Nosso pai está velho, e não há homem na terra que venha unir-se conosco, segundo o costume de toda terra. Vem, façamo-lo beber vinho, deitemo-nos com ele e conservemos a descendência de nosso pai. Naquela noite, pois, deram a beber vinho a seu pai, e, entrando a primogênita, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. No dia seguinte, disse a primogênita a mais nova: Deitei-me, ontem, à noite, com o meu pai. Demos-lhe a beber vinho também esta noite; entra e deita-te com ele, para que preservemos a descendência de nosso pai. De novo, pois, deram aquela noite, a beber vinho a seu pai, e, entrando a mais nova, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. E assim as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai.
Lv 10:9,10:
Vinho ou bebida forte tu e teus filhos não bebereis quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, para fazerdes diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo.
Nm 6:3-4:
abster-se-á de vinho e de bebida forte; não beberá vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem tomará beberagens de uvas, nem comerá uvas frescas nem secas. Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma que se faz da vinha, desde as sementes até as cascas.
1Sm 25:36,37:
Voltou Abigail a Nabal. Eis que ele fazia em casa um banquete, como banquete de rei; o seu coração estava alegre, e ele, já mui embriagado, pelo que não lhe referiu ela coisa alguma, nem pouco nem muito, até ao amanhecer. Pela manhã, estando Nabal já livre do vinho, sua mulher lhe deu a entender aquelas coisas; e se amorteceu nele o coração, e ficou ele como pedra.
Is 5:11,12:
Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta! Liras e harpas, tamboris e flautas e vinho há nos seus banquetes; porém não consideram os feitos do SENHOR, nem olham para as obras das suas mãos.
Is 5:22:
Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte.
Is 28:1-7:
Ai da soberba coroa dos bêbados de Efraim e da flor caduca da sua gloriosa formosura que está sobre a parte alta do fertilíssimo vale dos vencidos do vinho! Eis que o Senhor tem certo homem valente e poderoso; este, como uma queda de saraiva, como uma tormenta de destruição e como uma tempestade de impetuosas águas que transbordam, com poder as derribará por terra. A soberba coroa dos bêbados de Efraim será pisada aos pés. A flor caduca da sua gloriosa formosura, que está sobre a parte alta do fertilíssimo vale, será como o figo prematuro, que amadurece antes do verão, o qual, em pondo nele alguém os olhos, mal o apanha, já o devora. Naquele dia, o SENHOR dos Exércitos será a coroa de glória e o formoso diadema para os restantes de seu povo; será o espírito de justiça para o que se assenta a julgar e fortaleza para os que fazem recuar o assalto contra as portas. Mas também estes cambaleiam por causa do vinho e não podem ter-se em pé por causa da bebida forte; o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, são vencidos pelo vinho, não podem ter-se em pé por causa da bebida forte; erram na visão, tropeçam no juízo.
Pv 20:1:
O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio.
Pv 23:20:
Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne.
Pv 23:29-35:
Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco. Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se deita no alto do mastro e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber.
Pv 31:4,5:
Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.
Para suco de uva doce não alcoólico:
Jr 40:10:
Quanto a mim, eis que habito em Mispa, para estar às ordens dos caldeus que vierem a nós; vós, porém, colhei o vinho, as frutas de verão e o azeite, metei-os nas vossas vasilhas e habitai nas vossas cidades que tomastes.
Jr 40:12:
Então, voltaram todos eles de todos os lugares para onde foram lançados e vieram à terra de Judá, a Gedalias, a Mispa; e colheram vinho e frutas de verão em muita abundância.
Jr 48:33:
Tirou-se, pois, o folguedo e a alegria do campo fértil e da terra de Moabe; pois fiz cessar nos lagares o vinho; já não pisarão uvas com júbilo; o júbilo não será júbilo.
Lm 2:12
Dizem às mães: Onde há pão e vinho? Quando desfalecem como o ferido pelas ruas da cidade ou quando exalam a alma nos braços de sua mãe.
A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no Antigo Testamento; essa palavra nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao sumo fresco não-fermentado da videira ainda no cacho de uvas ou o suco doce de uvas recém-colhidas.
Algumas ocorrências de tirosh:
Is 65:8:
Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos e não os destruirei a todos.
Dt 11:14:
Darei as chuvas da vossa terra há seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite.
Pv 3:10:
e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.
Joel 2:24:
As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo.
Há ainda a palavra hebraica shekar, geralmente traduzida por “bebida forte”. Aparece 23 vezes no Antigo Testamento. Esta palavra refere-se, mais comumente, a outras bebidas fermentadas, talvez feitas de suco de fruta de palmeira, de romã, maçã, ou de tâmara. Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
É interessante perceber que, sempre que o vinho alcoólico e embriagante é citado no Antigo Testamento, é citado pra demonstrar alguma tragédia familiar ou alguma maldição terrível. No próximo artigo, veremos o que o Novo Testamento nos revela sobre o vinho.

O vinho no Novo Testamento


Jesus consumia vinho alcoólico?
Agora que já conceituamos o que é vinho e já estudamos sobre o vinho no Antigo Testamento, vamos ver o que nos diz o Novo  Testamento acerca do vinho.
A palavra grega mais utilizada para se referir a vinho no Novo Testamento é “oinos”.  Quer na Bíblia, quer na literatura secular da época. Esta palavra, assim como a “yayin” do Antigo Testamento, pode referir-se aos dois tipos de suco de uva: o não-fermentado e o  fermentado. Prova desta equivalência entre as palavras yayin e oinos é que esta foi exatamente a palavra utilizada pelos eruditos judeus que traduziram o Antigo Testamento do hebraico para o grego. Em todos os lugares onde a palavra yayin aparece no original, aparece a palavra oinos na versão grega.
Antes mesmo da era cristã, oinos era utilizada com o significado de suco fresco de uva.
Aristóteles, em sua obra Metereologica, Anacreontes, Nicandro e diversos outros autores gregos do período compreendido entre 500 A.C. até os primeiros anos da Era Cristã, utilizam a palavra oinos para se referir ao suco fresco da uva recém espremida.
No Novo Testamento, o primeiro milagre realizado por Jesus, segundo o evangelho de João (2:1-11), é a transformação da água em vinho. Daí muitos utilizarem-se levianamente dessa passagem bíblica para justificar que o consumo do álcool não contraria a Palavra do Senhor. Ora, o versículo dez do capítulo dois, deixa claro que o vinho produzido por intermédio do milagre de Jesus só foi servido após todo o vinho reservado para a festa ter sido consumido, quando todos haviam bebido fartamente. Desta forma deveríamos acreditar que era fermentado e, que o primeiro milagre do Deus encarnado, que tanto admoestou para os perigos da embriaguês, foi fornecer pelo menos 500 litros de bebida embriagante para que os convidados que já haviam se fartado a beber se embriagassem ainda mais? Se em 1 Co 6: 9-10 o apóstolo Paulo coloca os bêbados junto dos ladrões e dos adúlteros, como poderia Jesus compactuar com o consumo de álcool ?
Também é interessante falar sobre a bebida servida na Ceia do Senhor. Nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas, utilizam a palavra “oinos”  para descrever a bebida da Ceia. Os três primeiros Evangelhos empregam a expressão “fruto da vide” (Mateus 26:2924; Marcos 14:25; Lucas 22:18). O vinho não-fermentado é o único “fruto da vide” sem fermentação e, portanto sem álcool. A fermentação altera o fruto da videira. Vinho fermentado não é fruto da vide; não é produzido pela videira. Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando ele e seus discípulos celebravam a Páscoa. A lei da Páscoa em Êxodo 12:14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença de fermento (hebraico seor) ou qualquer agente fermentador tanto no vinho quanto no pão, pois o fermento é o  símbolo do  pecado nos tempos bíblicos.   No mundo antigo, o fermento era obtido da espuma da superfície do vinho quando em fermentação. A fermentação simboliza a corrupção e o pecado (Mateus 16:6-12; 1 Coríntios 5:7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mateus 5:17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa e não teria usado vinho fermentado.
O sangue puro de Cristo (Salmos 16:10; Atos 2:27; 13:37) jamais poderia ser representado por algo corrompido e fermentado. O fruto da vide, simbolizando o sangue incorruptível de Cristo é melhor representado por suco de uva não-fermentado (1 Pedro 1:18,19). Desta forma, fica claro que, diante da  natureza Santa e incorruptível de Deus é inadmissível supor que o cristão, sob qualquer pretexto e em qualquer circunstância possa fazer uso de bebida alcoólica. A afirmação, hoje em dia comum, de que Jesus produziu em seu milagre vinho  fermentado ou mesmo que o tenha utilizado na Santa Ceia que instituiu na páscoa,  configuram terríveis blasfêmias. Contraria a revelação bíblica contra a perfeita obediência de Cristo a seu Pai celestial, supor que Ele desobedeceu ao mandamento do Pai: “Não olheis para o vinho, quando se mostra vermelho e se escoa suavemente”, isto é, fermentado (Provérbios 23:31).
Outra passagem bíblica que é largamente explorada por aqueles que defendem o consumo das bebidas alcoólicas, está em 1 Tm 5:23 :
Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.
Aqueles que defendem o uso da bebida esquecem-se, contudo, de observar o que diz o apóstolo Paulo no capítulo 3 Versículo 3 da mesma epístola, quando aconselha a Timóteo sobre o comportamento daquele que aspira ao episcopado, uma das qualidades destacadas é que o mesmo seja “não dado ao vinho”. É ridícula a afirmação de que o conselho de uso medicinal do vinho dado por Paulo seja desvirtuado para apoiar o consumo de bebidas alcoólicas. Muito pelo contrário, o fato de Paulo precisar recomendar que seu discípulo fizesse uso do vinho e ainda explicar-lhe que tal utilização se daria para fins medicinais indica que Timóteo, homem de Deus versado na Sagrada Escritura e cheio do Espírito Santo de Deus, não utilizava nenhum tipo de vinho.
O álcool é responsável pela perda de milhares de vidas todos os anos. Incontáveis tragédias familiares, acidentes de trânsito, brigas, arruaças e toda a sorte de confusões têm sua origem no consumo da bebida alcoólica. Alcoolismo não é doença, apesar de transformar suas vítimas em doentes. Alcoolismo é fruto do pecado. Doença não se compra em garrafas e nem se oferece em festas. Do mesmo modo, doença nenhuma impede qualquer pessoa de entrar no céu, mas o álcool impede. Deus não é Deus de confusão. Não há espaço para a bebida alcoólica num lar cristão. Basta lembrar que para Deus, todos os pecados são iguais. Não existe “pecadinho” nem “pecadão”. A Palavra do Senhor que serve de lâmpada para os pés do justo não deixa margem alguma de dúvida neste assunto. O consumo de bebida alcoólica é pecado, e como tal afasta o homem de Deus e pode invalidar o sacrifício vicário de Cristo na cruz. Não se deixe seduzir. Não se deixe enganar. O cristão NÃO deve jamais consumir qualquer bebida alcoólica, em qualquer quantidade, sob nenhum pretexto. Que Deus nos abençoe a todos!
http://www.palavraqueliberta.com.br/exegese/o-cristao-e-o-alcool-3-o-vinho-no-novo-testamento

 

OUTROS ESTUDOS

 

JESUS E O VINHO

AS BODAS DE CANÁ


Muitos cristãos bem intencionados crêem que o “bom vinho” que Jesus produziu em Caná (João 2:10) foi “bom” por causa de seu elevado teor alcoólico. Esta crença sustenta-se sobre três principais pressupostos. Primeiro, presume-se que os judeus não sabiam como evitar a fermentação do suco de uva; e sendo que a estação do casamento foi pouco antes da Primavera (cf. João 2:13), ou seja, seis meses após a colheita da uva, o vinho utilizado em Caná tinha amplo tempo para fermentar.

Em segundo lugar, presume-se que a descrição dada pelo mestre do banquete quanto ao vinho propiciado por Cristo como “o bom vinho” significa um vinho alcoólica de alta qualidade. Em terceiro lugar, presume-se que a expressão “beberam fartamente “ (João 2:10), empregada pelo mestre do banquete, indica que os convidados estavam intoxicados por terem estado bebendo vinho fermentado. Conseqüentemente, o vinho que Jesus fez deve também ter sido fermentado.

Em face da importância que essas pressuposições desempenham em determinar a natureza do vinho propiciado por Cristo, examinaremos brevemente cada uma delas.

O primeiro pressuposto é desmentido por numerosos testemunhos do mundo romano dos tempos do Novo Testamento que descrevem vários métodos de preservar o suco de uva. Vimos no boletim ENDTIME ISSUES No. 81 que a preservação de suco de uva não-fermentado era em certos aspectos um processo mais simples do que a preservação de vinho fermentado. Destarte, a possibilidade existia de suprir suco de uva não-fermentado na boda de Caná, próximo à estação a Páscoa, uma vez que tal bebida podia ser mantida sem fermentação por todo o ano.

 “O Bom Vinho”. O segundo pressuposto é de que o vinho que Jesus propiciou foi chamado de “o bom vinho” (João 2:10) pelo mestre do banquete por causa de seu nível elevado de teor alcoólico toma por base o gosto dos bebedores do século vinte que definem um bom vinho em grande medida por seu vigor alcoólico. Isto, porém, não é necessariamente verdadeiro no mundo romano dos tempos neotestamentário, quando os melhores vinhos eram aqueles cuja potência alcoólica havia sido removida por fervura ou filtração.

Plínio, por exemplo, declara que os “vinhos são de maior benefício (utilissimum) quando todo o seu vigor havia sido removido pelo filtrador”.1 De modo semelhante, Plutarco assinala que o vinho é “muito mais agradável de se beber” quando “nem inflama o cérebro nem infesta a mente ou as paixões” 2 porque sua força foi removida mediante freqüente filtragem.

O Talmude indica que beber sob o acompanhamento de instrumentos musicais em ocasiões festivas, como numa festa matrimonial era proibido.3 Esta última afirmação é confirmada por testemunhos posteriores de rabinos. Por exemplo, o Rabino S. M. Isaac, um destacado rabino do século XIX e editor do The Jewish Messenger, diz: “Os judeus, em suas festas para propósitos sagrados, inclusive a festa matrimonial, jamais empregam qualquer tipo de bebida fermentada. Em suas oblações e libações, tanto em privado como em público, empregado o fruto da vide--ou seja, uvas frescas--suco de uva não-fermentado, e passas, como símbolo de bênção. A fermentação é para eles sempre um símbolo de corrupção”.4 Conquanto a declaração do Rabino Isaac não seja bem exata, uma vez que fontes judaicas não são unânimes quanto ao tipo de vinho a ser empregado durante festivais sagrados, ainda indica que alguns judeus empregavam vinho sem fermento por ocasião de festas matrimoniais.

“Beberam Fartamente”. O terceiro pressuposto de que a expressão “beberam fartamente” (João 2:10) indique que os convivas da festa matrimonial estavam intoxicados e assim o “bom vinho” propiciado por Cristo deve também ter sido intoxicante, interpreta e aplica mal o comentário do mestre do banquete, e passa por alto o uso mais amplo do verbo. O comentário em questão não foi feito com referência a essa festa matrimonial em particular, mas à prática geral entre os que promoviam festas: “Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior.”. (João 2:10). Esse comentário faz parte das atividades regulares de um mestre de banquete contratado, antes que ser uma descrição real do estado de intoxicação numa festa em particular.

Outra consideração importante é o fato de que o verbo grego methusko, traduzido por alguns como “bem bêbado”, pode também significar “beber livremente”, como vertido na Revised Stardard Version (em inglês), sem qualquer implicação de intoxicação. Em seu artigo sobre este verbo no Theological Dictionary of the New Testament, Herbert Preisker faz notar que “Methuskomai é utilizado sem qualquer julgamento ético ou religioso em João 2:10, em ligação com a regra de que o vinho mais pobre é servido somente quando os convidados tinham bebido bem”.5

Implicações Morais. O verbo methusko em João 2:10 é usado no sentido de saciar. Refere-se simplesmente à grande quantidade de vinho geralmente consumido numa festa, sem qualquer referência a efeitos intoxicantes. Os que insistem de que o vinho utiizado na festa era alcoólico e que Jesus também forneceu vinho alcoólico, conquanto de melhor qualidade, são induzidos à conclusão de que Jesus providenciou-lhes uma grande quantidade adicional de vinho intoxicante de modo a que os convivas da festa matrimonial pudessem dedicar-se a sua plena indulgência. Tal conclusão destrói a integridade moral do caráter de Cristo.

A coerência moral requer que Cristo não tivesse produzido miraculosamente entre 120 a 180 galões de vinho intoxicante para uso dos homens, mulheres e crianças reunidos nas bodas de Caná, sem tornar-Se moralmente responsável pela intoxicação deles. A coerência escriturística e moral requerem que o “bom vinho” produzido por Cristo fosse suco de uva recente e não-fermentado. Isto é respaldado pelo próprio adjetivo empregado para descrevê-lo, ou seja, kalos, que denota o que é moralmente excelente, em vez de agathos, que significa simplesmente bom. 6

NOVO VINHO EM ODRES NOVOS


A declaração de Cristo de que “vinho novo deve ser posto em odres novos” (Lucas 5:38; Mateus 9:17; Marcos 2:22), é visto pelos moderacionistas como uma indicação de que Jesus recomendou o uso moderado do vinho alcoólico. Este ponto de vista apóia-se no pressuposto de que a frase “vinho novo” significa o vinho recém-esmagado, mas já num estado de fermentação ativa. Tal vinho alega-se, só podia ser colocado em novos odres porque os odres velhos arrebentariam sob pressão.

Fermentado Vinho Novo? Esta interpretação popular é muito imaginativa mas de pouco fundamento. Qualquer um familiarizado com a pressão causada pela fermentação causadora de gás sabe que nenhuma recipiente, seja de vidro ou couro, pode resistir à pressão do novo vinho fermentado. Como Alexander B. Bruce assinala, “Jesus não estava pensando absolutamente em vinho fermentado, intoxicante, mas de 'mosto', uma bebida não intoxicante, que podia ser mantida com segurança em recipientes novos de couro, mas não em velhos odres que haviam guardado vinho ordinário antes, porque partícula de matéria albuminóide aderida ao couro produziria a fermentação e desenvolveria o gás com uma enorme pressão”. 7

O único “vinho novo” que podia ser guardado em segurança em novos odres era o mosto não fermentado após ter sido filtrado ou fervido. Columella, o renomado agriculturista romano que foi contemporâneo dos apóstolos, ateste que uma “jarra de vinho novo” era empregada para preservar mosto fresco, não-fermentado. “Para que o mosto permaneça sempre doce como se fosse recente, fazei do modo seguinte: antes que as cascas de uva sejam colocadas sob a prensa, tomai da vasilha uma parte do mosto mais novo possível e colocai-o numa jarra nova [amphoram novam], daí espalhe-o e o cubra cuidadosamente com piche, de modo que nenhuma água seja capaz de introduzir-se”.8

Significado simbólico. Esta interpretação é confirmada mais adiante pelo significado simbólico do que Cristo disse. A imagem do vinho novo em odres novos é uma lição ilustrativa da regeneração. Como Ernest Gordon habilmente explicou, “os odres velhos, com seu sedimento alcoólico, representavam a natureza corrupta dos fariseus. Não podia ser posto o vinho novo do Evangelho neles. Eles poderiam fermentá-lo. “Não vim chamar justos, e sim pecadores”. Mais tarde através de sua conversão transformou os novos recipientes, capazes de reterem o vinho novo sem deteriorá-lo (Mar. 2:15-17, 22). Então, pela comparação do vinho intoxicante com o farisaísmo degenerado, Cristo confidenciou, claramente, qual era a sua opinião de vinho intoxicante”.9

“É bom notar”, continua Ernest Gordon, “como nesta ilustração casual, ele [Cristo] identifica vinho em conjunto com o vinho não fermentado. Vinho fermentado é determinado como não reconhecido. Poderia ser colocado em qualquer tipo de odre, conquanto miserável e corrupto. Mas vinho novo é como pano novo que é muito bom para ser usado no conserto de trapos. É algo limpo e saudável, exigindo um recipiente limpo. O modo natural no qual esta ilustração é usada, sugere, pelo menos, um entendimento geral e realista entre seus ouvintes judeus de que o verdadeiro fruto da videira, o vinho bom, seria não fermentado”.10

O VINHO VELHO É MELHOR?


Em Lucas, a afirmação de Cristo sobre vinho novo em odres novos é seguida por uma declaração semelhante, todavia diferente: “E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom” (Lucas 5:39). Embora este texto não seja encontrado nos outros evangelhos, faz parte integrante da narrativa. Os moderacionistas atribuem fundamental importância a essa declaração porque contém, na visão deles, uma clara recomendação de Cristo ao vinho alcoólico. Kenneth L. Gentry, por exemplo, fala da “quase universal prevalência da preferência do vinho velho (fermentado) sobre o novo (pré ou não-fermentado) entre os homens. O Senhor mesmo fez referência a essa valorização entre os homens, em Lucas 5:39: ‘E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom’”.11

O Significado de “Vinho Novo”. A frase “vinho novo-oinos neos” é usado na Septuaginta (a tradução para o grego do Velho Testamento), para traduzir tanto vinho fermentado em Jó 32:19, como o suco de uva não fermentado em Isaías 49:26. Em traduções posteriores o hebraico asis é o que designa suco de uva não fermentado.

Na passagem em consideração é legítimo deduzir que “vinho novo” tem o mesmo significado que em todas as passagens, porque ele é usado, consecutivamente, sem nenhuma insinuação à mudança de significado. As metáforas de ambos, dizem, são usadas sem confusão ou contradição. Este termo “vinho novo” do verso 38 é, como mostrado claramente, o mesmo que deve ser verdade do “vinho novo” do verso 39.

Significado de “Vinho Velho”. Antes de discutir se Cristo expressou ou não um julgamento da qualidade superior do “vinho velho” sobre o “vinho novo”, é importante determinar se o “vinho velho”, referia-se ao fermentado ou ao não-fermentado. Do ponto de vista da qualidade, a idade “melhora” o sabor não só do fermentado, mas também do suco de uva não-fermentado. Conquanto nenhuma mudança química ocorra, o suco de uva adquire um sabor mais refinado sendo conservado, pois partículas finas e delicadas separam-se da matéria albuminosa e outras sedimentações. Assim, o “vinho velho” considerado bom, poderia referir-se ao suco de uva preservado e melhorado pela idade.

O contexto, porém, favorece o significado de vinho fermentado, uma vez que Cristo utilizou a metáfora do “vinho velho” para representar as velhas formas de religião, e o “vinho novo” para as novas formas de vida religiosa que Ele ensinava e inaugurava. Neste contexto, o vinho velho fermentado representa melhor as formas corruptas da velha religião farisaica.

O “Vinho Velho” é Melhor? À luz desta conclusão resta determinar se Cristo, através dessa declaração, está expressando um juízo de valor da superioridade do “vinho velho” (fermentado) sobre o “vinho novo” (não fermentado). Uma leitura cuidadosa destes textos indica que quem diz “o velho é bom” não é Cristo, mas alguém que tenha bebido o “vinho velho”. Em outras palavras, Cristo não está expressando Sua própria opinião, mas a opinião daqueles que adquiriram um gosto por vinhos velhos. Ele disse, simplesmente, que alguém que tivesse adquirido gosto por vinhos velhos não gostaria do novo. Sabemos ser este o caso. Beber bebida alcoólica gera um apetite por bebidas estimulantes e não por sucos sem álcool.

A declaração de Cristo não representa Sua aprovação da superioridade do vinho velho fermentado. Vários comentaristas enfatizam este ponto. No seu comentário sobre o evangelho de Lucas, Norval Geldenhuys diz: “O ponto aqui não tem nada a ver com a comparação do vinho velho com o novo, mas refere-se à predileção pelo vinho velho no caso daqueles que estão acostumados a bebê-lo”.12

R. C. H. Lenski declara a mesma verdade muito sucintamente: “Não foi Jesus que chamou o vinho velho de ‘bom o bastante’, mas aquele que o bebeu. Uma porção de vinho velho é, decididamente mau, porque não foi preparado convenientemente; a idade é uma coisa, excelência pela idade é bem outra”.13

O Contexto do “Vinho Velho”. A opinião de que o vinho velho fermentado é melhor que o vinho novo, seria falsa mesmo que todos na terra cressem nisso! E na passagem que estamos isso é contraditado pelo contexto em que ocorre e pelo propósito integral da ilustração. No contexto imediato Jesus emprega a mesma palavra (palaios) quanto a roupas velhas, que Ele, obviamente, não consideraria melhores do que as novas. A declaração sobre “vinho velho” parece contradizer a anterior sobre “roupas velhas”, mas a contradição desaparece quando se compreende o propósito da ilustração.

O propósito da ilustração não é elogiar a superioridade do vinho velho, mas advertir contra um exagero das velhas formas de religiosidade promovida pelos fariseus. A religiosidade consistia, como indicado no verso 33, no cumprimento de práticas ascéticas externas tais como os freqüentes jejuns e as orações públicas. Para justificar o fato de que Seus discípulos não aderiam às formas externas de religiosidade, Cristo usou quatro ilustrações: os convidados do casamento que não jejuam na presença do noivo (vv 34-35); roupas novas não eram usadas como retalho em roupas velhas (v. 36); o vinho novo não era colocado em odres velhos (vv. 37-38); vinho novo não era apreciado por aqueles acostumados a beber vinho velho (v. 39).

O propósito comum de todas as quatro ilustrações é ajudar as pessoas acostumadas com as velhas formas de religião, e alheias à nova forma de vida religiosa ensinada por Cristo, a perceberem que o velho parece bom apenas para aqueles que não estão acostumados com o novo, que é propriamente o melhor. Neste contexto, o vinho velho fermentado parece bom apenas para quem que não sabe que o vinho novo é o melhor.


FOI JESUS UM GLUTÃO E BÊBADO?


Mais de dezenove séculos atrás, Jesus foi acusado de ter sido um “glutão e um bêbado”, porque Ele veio “comendo e bebendo” (Luc. 7:33; Mat. 11:19). Moderacionistas encontraram na descrição de Jesus de Seu próprio estilo de vida de “comer e beber” (Mat. 11:19; Luc. 7:34) uma prova indiscutível de que Ele admitia, abertamente, usar vinho alcoólico. Além disso, discute-se que Jesus deve ter bebido vinho alcoólico para Seus críticos acusá-lo de Ser um “bêbado”.

Estilo de Vida Social. Esta interpretação ignora várias considerações importantes. A frase “comendo e bebendo” é usada como idiomatismo para descrever a diferença entre o estilo de vida social de Jesus e o de João Batista. João veio “não comendo pão, nem bebendo vinho” (Luc. 7:33), para dizer, que ele viveu um estilo de vida de completo isolamento, e que Cristo veio “comendo e bebendo”, para dizer, que Ele viveu um estilo de vida social de livre associação.

Nenhuma Menção de “Vinho”. Um ponto significativo passado por alto freqüentemente é que Jesus não mencionou “vinho” na descrição de Seu próprio estilo de vida. Enquanto que de João Batista, Jesus disse que ele veio “não comendo pão, nem bebendo vinho”, de Si mesmo Ele disse simplesmente: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe”. Se Jesus procurasse ser conhecido, ao contrário de João Batista, então poderia ter repetido a palavra “vinho” por causa da ênfase e clareza.

Por recusar especificar quais os tipos de alimentos ou bebidas que consumia, Cristo poderia ter desejado privar Seus críticos de qualquer base para sua acusação de glutonaria e embriaguez. A omissão de “pão” e “vinho” na segunda declaração (Mateus os omite em ambas as declarações) bem poderia ter sido planejado para expor a falta de sentido da acusação. Em outras palavras, Jesus parece dizer: “Meus críticos me acusam de ser um glutão e bêbado, só porque Eu não tomo alimento sozinho, mas como freqüentemente na presença de outras pessoas. Eu como socialmente. Mas meus críticos, de fato, não sabem o que Eu como”.

Mesmo supondo que Seus críticos realmente vissem Jesus bebendo alguma coisa, eles poderiam tê-Lo acusado de ser um bêbado, mesmo que o vissem bebendo suco de uva, ou até água. No dia de Pentecostes os críticos acusaram os apóstolos de estarem bêbados com suco de uva (gleukos--Atos 2:13). Isto mostra que não importava o que Jesus tivesse bebido, Seus críticos inescrupulosos O caluniariam como um bêbado.

Acusação Crítica Perigosa. Deduzir que Jesus devia ter bebido vinho porque Seus críticos O acusaram de ser um “bêbado”, significaria aceitar como verdade as palavras dos inimigos de Cristo. Em outras duas ocasiões seus críticos acusaram Jesus: “Tens demônio” (João 7:20; 8:48). Se acreditarmos que Cristo bebeu vinho alcoólico porque Seus críticos O acusaram de ser um bêbado, então teríamos também que acreditar que Ele tivesse demônio. O absurdo de tal raciocínio mostra que aceitar as acusações desses críticos não é uma base segura para definir o ensinamento bíblico.

Jesus respondeu a este ataque sem base de Seus críticos: “Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos” (Luc 7:35). A evidência textual divide-se entre “filhos” e “obras”, mas o significado dessa obscura declaração permanece a mesma, a saber, que a sabedoria é para ser julgada pelos seus resultados. A sabedoria de Deus é vindicada pelas boas obras que elas geram. Assim, deduzir na base das alegações de Seus críticos de que Jesus bebeu vinho mostra completa falta de sabedoria. Os resultados de Sua vida de abnegação falam por si mesmos.

O VINHO COMUM


A importância fundamental é atribuída ao “vinho” da Última Ceia porque Cristo não apenas o usou, mas do mesmo modo ordenou que fosse usado até o fim dos tempos como memorial de Seu sangue redentor (Mat. 26:28-29; Mar. 14:24-25). Acredita-se amplamente que o vinho da Última Ceia era alcoólico por duas principais razões: (1) a frase “fruto da videira” é uma expressão figurativa que era usada como equivalente funcional de vinho fermentado, e (2) os judeus supostamente usariam apenas vinho fermentado na Páscoa. Esta crença é desacreditada por várias importantes considerações.

 “O Fruto da Videira”. A linguagem da Última Ceia é significativa. Em todos os evangelhos sinóticos Jesus chama o conteúdo da taça de “o fruto da videira” (Mat. 26:29; Mar. 14:25 e Luc. 22:18). O substantivo “fruto” (gennema) denota que é o produto em estado natural, da mesma maneira em que foi apanhado. Vinho fermentado não é o “fruto da videira” natural, mas o fruto da fermentação não natural e decadente. O historiador judeu Flávio Josefo, que foi contemporâneo dos apóstolos, chama explicitamente, os três cachos de uvas frescas prensados numa taça pelo mordomo do Faraó como “o fruto da videira”.14 Isto estabelece que a frase era usada, inequivocamente, para designar a doçura do suco de uva não fermentado.

Se o conteúdo do cálice era de vinho alcoólico, Cristo dificilmente poderia ter dito: “Bebei dele todos” (Mat. 26:27; cf Mar. 14:23; Luc. 22:17), especialmente em vista do fato de que na Páscoa um típico cálice de vinho não continha apenas um gole de vinho, mas aproximadamente meio litro.15 Cristo dificilmente poderia ter ordenado a “todos” os Seus seguidores para beberem o cálice, se este contivesse vinho alcoólico. Há alguns para os quais o álcool, em qualquer forma, é muito prejudicial.

Crianças novas que participarem à mesa do Senhor, certamente não deveriam tocar vinho. Há aqueles aos quais o simples gosto ou o cheiro do álcool desperta um latente desejo por álcool. Poderia Cristo que nos ensinou a orar “livra-nos da tentação”, ter feito de Seu memorial à mesa um lugar de irresistível tentação para alguém e de perigo para todos? O vinho da Ceia do Senhor nunca pode ser tomado livre e festivamente na medida em que seja alcoólico e intoxicante.

A Lei da Fermentação. Apoio adicional para a natureza do vinho não-fermentado da Comunhão é provido pela lei mosaica que requeria a exclusão de todos os artigos fermentados durante a festa da Páscoa (Êx. 12:15; 13:6,7). Jesus compreendia o significado da letra e do espírito da lei mosaica relativos às “coisas não fermentadas”, como indicado por Sua advertência contra “o fermento dos fariseus e dos Saduceus”. (Mat. 16:6). “Fermento” para Cristo representava a natureza e ensinamentos corruptos, como os discípulos depois entenderam (Mat. 16:12). A consistência e beleza do simbolismo do sangue não pode ser adequadamente representado pelo vinho fermentado, o qual é posto na Bíblia como depravação humana e indignação divina.

Não podemos conceber a Cristo curvando-se para abençoar com oração de graças um cálice que contivesse vinho alcoólico, sobre que a Bíblia nos adverte para não olharmos (Prov. 23:31). Um cálice que intoxica é um cálice de maldição e não “o cálice da bênção” (I Cor. 10:16); é “o cálice dos demônios” e não o “cálice do Senhor” (I Cor 10:21); é um cálice que não pode simbolizar adequadamente a incorruptibilidade e o “precioso sangue de Cristo” (I Ped. 1:18-19). Isto dá razão para acreditarmos que o cálice que Ele “abençoou” e deu a Seus discípulos não continha qualquer “coisa fermentada” proibida pela Escritura.

Testemunhos Históricos. Testemunhos históricos de judeus e cristãos apóiam o uso do vinho não- fermentado na Páscoa/Ceia do Senhor. Louis Ginzberg (1873-1941), respeitado estudioso do Talmude que por quase 40 anos foi presidente do Departamento de Estudos Rabínicos e Talmúdicos do Seminário Teológico Judaico da América, proveu o que talvez seja a mais exaustiva análise das referências do Talmude relativas ao uso do vinho nas cerimônias religiosas judaicas. Ele conclui sua investigação dizendo: “Temos provado, assim, com base em passagens principais tanto do Talmude da Babilônia como de Jerusalém, que o vinho não-fermentado pode ter sido usado lekatehillah (opcionalmente) por Kiddush [a consagração de um festival por meio de um cálice de vinho] e outras cerimônias religiosas do lao de fora do templo”.16

A conclusão de Ginzberg é confirmada pela The Jewish Encyclopedia. Comentando sobre o tempo da Última Ceia, ele disse: “De acordo com os evangelhos sinópticos, pareceria que na quinta-feira à tarde da última semana de sua vida, Jesus com seus discípulos entrou em Jerusalém para comer a refeição da Páscoa com eles na cidade sagrada; se for assim, o pão e o vinho da missa ou serviço de comunhão instituído então por ele como um memorial, seria o pão sem fermento e o vinho não-fermentado do serviço de Seder”.17

O costume do uso do vinho não-fermentado na Páscoa sobreviveu através dos séculos não apenas entre alguns judeus, mas também entre certos grupos de cristãos e igrejas. Por exemplo, os apócrifos de Atos e Martítio do Apóstolo São Mateus, circulou no terceiro século, como uma voz celestial instruindo ao bispo local, Plato, dizendo: “Leia o evangelho e traga um pão sagrado como oferta; e após prensar os três cachos da vinha dentro da taça, comunique-se comigo, como o Senhor Jesus mostrou-nos como ofertar quando Ele subiu da sepultura no terceiro dia”.18 Este é um testemunho claro do uso do suco de uva recém prensado na celebração da Última Ceia.

A prática de prensar uvas preservadas diretamente dentro da taça de comunhão foi confirmada por concílios, papas e teólogos, inclusive Tomás de Aquino ( 1225-1274 AD).19 O uso de vinho não-fermentado é bem documentado, especialmente, entre as Igrejas Orientais como a Igreja da Abissínia, a Igreja Nestoriana da Ásia Ocidental, os cristãos de São Tomás na Índia, os monastérios Cópticos no Egito e os cristãos de São João na Pérsia, os quais celebravam a Ceia do Senhor com vinho não fermentado ou feito com uvas frescas ou secas.20

CONCLUSÃO


À luz das considerações anteriores, concluímos que “o fruto da vide” que Jesus ordenou ser usado como memorial de Seu sangue redentor não era fermentado, já que na Escritura fermento representa a corrupção humana e a indignação divina, mas o não-fermentado e puro suco de uva, como emblema adequado do sangue de Cristo não contaminado, derramado para a remissão de nossos pecados.

A afirmação de que Cristo usou e sancionou o uso de bebidas alcoólicas repousa em suposições não fundamentadas, fora do texto, contexto e sem apoio histórico. A evidência que foi submetida, indica que Jesus absteve-se de toda substância intoxicante e não deu autorização aos Seus seguidores para que eles próprios não as usassem. Podemos seguir o exemplo de Jesus pela abstinência de qualquer substância que intoxique nosso corpo e prejudique nossa mente.

NOTAS


1. Plínio, Natural History 23, 24, trans. W. H. S. Jones, The Loeb Classical Library (Cambridge, Massachusetts, 1961).
2. Plutarco, Symposiac 8, 7.
3. Ver Sotah 48a; também Mishna Sotah 9, 11.
4. Citado em William Patton, Bible Wines.
Laws of Fermentation (Oklahoma City, s.d.), pág. 83. Ênfase acrescentada.
5. Herbert Preisker, “Methe, Methuo, Methuskomai”, Theological Dictionary of the New Testament, ed.
Gerhard Kittel (Grand Rapids, 1967), vol. 4, pág. 547, ênfase acrescentada.
6. “Deve-se observar”, assinala Leon C. Field, “que o adjetivo usado para descrever o vinho produzido por Cristo não é agathos, bom, simplesmente, mas kalos, que é moralmente excelente ou adequado. O termo é sugestivo da caracterização de Theofrasto de vinho não intoxicante como moral (ethikos)” (Oinos: A Discussion of the Bible Wine Question [New York, 1883], pág. 57).
7. Alexander Balman Bruce, The Synoptic Gospels in The Expositor's Greek Testament (Grand Rapids, 1956), pág. 500.
8. Columella, On Agriculture 12, 29.
9. Ernest Gordon, Christ, the Apostles and Wine. An Exegetical Study (Philadelphia, 1947), pág. 20.
10. Ibid., pág. 21.
11. Kenneth L. Gentry, The Christian and Alcoholic Beverages (Grand Rapids, 1986), pág. 54.
12. Norval Geldenhuys, “Commentary on the Gospel of Luke”, The New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids, 1983), pág. 198.
13. R. H. Lenski, The Interpretation of St. Luke's Gospel (Columbus, Ohio, 1953), pág. 320.
14. Josephus, Antiquities of the Jews 2, 5, 2.
15. Segundo J. B. Lightfoot, cada um das quatro taças da Páscoa continha “não menos do que a quarta parte de um hin, além de água para misturar com ele” (The Temple-Service and the Prospect of the Temple [Londres, 1833], pág. 151). Um hin continha doze pints inglesas, de modo que quatro taças resultariam em três quartos de um pint cada.
16. Louis Ginzberg, “A Response to the Question Whether Unfermented Wine May Be Used in Jewish Ceremonies”, American Jewish Year Book 1923, pág. 414.
17. The Jewish Encyclopedia, edição de 1904, s. v. “Jesus”, vol. 5, pág. 165.
18. “Acts and Martyrdom of St. Matthew the Apostle”, eds. Alexander Roberts and James Donaldson, The Ante-Nicene Fathers (Grand Rapids, 1978), vol. 8, págs. 532-533.
19. Para referências e discussão, ver Wine in the Bible, págs. 168-169.
20. Informação sobre essas igrejas é fornecida por G. W. Samson, The Divine Law as to Wines (Nova York, 1880), págs.
205-217. Ver também Leon C. Field, Oinos: A Discussion of the Bible Wine Question (Nova York, 1883), págs. 91-94; Frederic R. Lees and Dawson Burns, The Temperance Bible-Commentary (Londres, 1894), págs. 280-282.


Samuele Bacchiocchi, Ph. D. (*)
Professor Jubilado de Teologia e História Eclesiástica
Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, EUA

Traduzido por Prof. Azenilto G. Brito (*)
Ministério Sola Scriptura
[Não confundir com solascriptura-tt]



(*) Nota de Hélio de M. Silva: Esta pessoa é ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, seita combatida por nós neste site. O fato de citarmos as palavras de alguém não necessariamente significa que temos a mínima identificação com seu autor em áreas outras que o principal assunto da citação. Neste caso, discordamos radicalmente e estamos em campos de batalha opostos, quanto a áreas extremamente importantes. Somente estamos usando as palavras dessa pessoa por ela bem atacar um grave erro. Leia nossa posição em
http://solascriptura-tt.org/ConfissaoDoutrinariaHelio.htm.




Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).



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terça-feira, 12 de junho de 2012



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segunda-feira, 11 de junho de 2012


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quinta-feira, 3 de maio de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

A Historia dos Apóstolos



A Historia dos Apóstolos

No começo do seu ministério Jesus escolheu doze homens que o acompanhassem em suas viagens. Teriam esses homens uma importante responsabilidade: Continuariam a representá-lo depois de haver ele voltado para o céu. A reputação deles continuaria a influenciar a igreja muito depois de haverem morrido.
Por conseguinte, a seleção dos Doze foi de grande responsabilidade.  "Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolo" (Lc 6.12-13).
A maioria dos apóstolos era da região de Cafarnaum, desprezada pela sociedade judaica refinada por ser o centro de uma parte do estado judaico e conhecida, em realidade, como "Galiléia dos gentios". O próprio Jesus disse: "Tu, Carfanaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno" (Mt 11.23). Não obstante, Jesus fez desses doze homens líderes vigorosos e porta-vozes capaz de transmitir com clareza a fé cristã. O sucesso que eles alcançaram dá testemunho do poder transformador do Senhorio de Jesus.
Nenhum dos escritores dos Evangelhos deixou-nos traços físicos dos doze. Dão-nos, contudo, minúsculas pistas que nos ajudam a fazer "conjeturas razoáveis" sobre como pareciam e atuavam. Um fato importante que tem sido tradicionalmente menosprezado em incontáveis representações artísticas dos apóstolos é sua juventude. Se levarmos em conta que a maioria chegou a viver até ao terceiro e quarto quartéis do século e que João adentrou o segundo século, então eles devem ter sido não mais do que jovens quando aceitaram o chamado de Cristo.
Os doze apóstolos foram:
1.     André;
2.     Bartolomeu (Natanael);
3.     Tiago (Filho de Alfeu);
4.     Tiago (Filho de Zebedeu);
5.     João;
6.     Judas;
7.     Judas Iscariotes;
8.     Mateu;
9.     Filipe;
10.   Simão Pedro;
11.   Simão Zelote;
12.   Tomé;
13.   Matias (Substituindo a Judas)
Resumo sobre a vida dos Apóstolos:
1. André
No dia seguinte àquele em que João Batista viu o Espírito Santo descer sobre Jesus, ele o apontou para dois de seus discípulos, e disse: "Eis o Cordeiro de Deus" (Jo 1.36). Movidos de curiosidade, os dois deixaram João e começaram a seguir a Jesus. Jesus notou a presença deles e perguntou-lhes o que buscavam. Responderam: "Rabi, onde assistes?" Jesus levou-os à casa onde ele se hospedava e passaram a noite com ele. Um desses homens chamava-se André   (Jo 1.38-40).  André foi logo à procura de seu irmão, Simão Pedro, a quem disse: "Achamos o Messias..." (Jo 1.41). Por seu testemunho, ele ganhou Pedro para o Senhor.
André é tradução do grego Andreas, que significa "varonil". Outras pistas do Evangelhos indicam que André era fisicamente forte, e homem devoto e fiel. Ele e Pedro eram donos de uma casa (Mc 1.29) Eram filhos de um homem chamado Jonas ou João, um próspero pescador. Ambos os jovens haviam seguido o pai no negócio da pesca. Eram Pescadores.
André nasceu em Betsaida, nas praias do norte do mar da Galiléia. Embora o Evangelho de João descreva o primeiro encontro dele com Jesus, não o menciona como discípulo até muito mais tarde (Jo 6.8). O Evangelho de Mateus diz que quando Jesus caminha junto ao mar da Galiléia, ele saudou a André e a Pedro e os convidou para se tornarem discípulos (Mt 4.18,19). Isto não contradiz a narrativa de João; simplesmente acrescenta um aspecto novo. Uma leitura atenta de João 1.35-40 mostra-nos que Jesus não chamou André e a Pedro para seguí-lo quando se encontraram pela primeira vez.
André e outro discípulo chamado Filipe apresentaram a Jesus um grupo de gregos (Jo 12.20-22). Por este motivo podemos dizer que eles foram os primeiros missionários estrangeiros da fé cristã.
Diz a tradição que André viveu seus últimos dias na Cítia, ao norte do mar negro. Mas um livreto intitulado: Atos de André (provavelmente escrito por volta do ano 260 d.C.) diz que ele pregou primariamente na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda, que ele foi crucificado numa cruz em forma de "X", símbolo religioso conhecido como Cruz de Sto André.
2. Bartolomeu (Natanael)
Falta-nos informação sobre a identidade do Apóstolo chamado Bartolomeu. Ele só é mencionado na lista dos apóstolos. Além do mais, enquanto os Evangelhos sinóticos concordam em que seu nome era Bartolomeu, João o dá como Natanael (Jo 1.45). Crêem alguns estudiosos que Bartolomeu era o sobrenome de Natanael.
A palavra aramaica bar significa "filho", por isso o nome Bartolomeu significa literalmente, "filho de Talmai". A Bíblia não identifica quem foi Talmai.
Supondo que Bartolomeu e Natanael sejam a mesma pessoa, o Evangelho de João nos proporciona várias informações acerca de sua personalidade. Jesus chamou Natanael de "israelita em quem não há dolo" (Jo 1.47). Diz a tradição que ele serviu como missionário na Índia e que foi crucificado de cabeça para baixo.
3. Tiago (Filho de Alfeu)
Os Evangelhos fazem apenas referências passageiras a Tiago, filho de Alfeu (Mt 10.3; Lc 6.15). Muitos estudiosos crêem que Tiago era irmão de Mateus, visto a Bíblia dizer que o pai de Mateus também se chamava Alfeu (Mc 2.14).  Outros crêem que este Tiago se identificava como "Tiago, o Menor", mas não temos  prova alguma de que esses dois nomes se referiam ao mesmo homem   (Mc 15.40). Se o filho de Alfeu era, deveras, o mesmo homem Tiago, o Menor, talvez ele tenha sido primo de Jesus (Mt 27.56; Jo 19.25). Alguns comentaristas da Bíblia teorizam que este discípulo trazia uma estreita semelhança física com Jesus, o que poderia explicar por que Judas Iscariotes teve de identificar Jesus na noite em que foi traído.  (Mc 14.43-45; Lc 22.47-48).  Diz as lendas que ele pregou na Pérsia e aí foi crucificado. Mas não há informações concretas sobre sua vida, ministério posterior e morte.
4. Tiago (Filho de Zebedeu)
Depois que Jesus convocou a Simão Pedro e a seu irmão André, ele caminhou um pouco mais ao longo da praia da Galiléia e convidou a "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes"  (Mc 1.19). Tiago e seu irmão responderam imediatamente ao chamado de Cristo. Ele foi o primeiro dos doze a sofrer a morte de mártir. O rei Herodes Agripa I ordenou que ele fosse executado ao fio da espada (At 12.2). A tradição diz que isto ocorreu no ano 44 d.C., quando ele seria ainda bem moço.
Os Evangelhos nunca mencionam Tiago sozinho; sempre falam de "Tiago e João". Até no registro de sua morte, o livro de Atos refere-se a ele como "Tiago, irmão de João" (At 12.2) Eles começaram a seguir a Jesus no mesmo dia, e ambos estiveram presentes na Transfiguração (Mc 9.2-13). Jesus chamou a ambos de "filhos do trovão" (Mc 3.17).
A perseguição que tirou a vida de Tiago infundiu novo fervor entre os cristãos (At 12.5-25). Herodes Agripa esperava sufocar o movimentos cristão executando líderes como Tiago. "Entretanto a Palavra do Senhor  crescia e se multiplicava" (At 12.24).
As tradições afirmam que ele foi o primeiro missionário cristão na Espanha.
5. João
Felizmente, temos considerável informação acerca do discípulo chamado João. Marcos diz-nos que ele era irmão de Tiago, filho de Zebedeu (Mc 1.19). Diz também que Tiago e João trabalhavam com "os empregados" de seu pai (Mc 1.20).
Alguns eruditos especulam que a mãe de João era Salomé, que assistiu a crucificação de Jesus   (Mc 15.40). Se Salomé era irmã da mãe de Jesus, como sugere o Evangelho de João (Jo 19.25), João pode ter sido primo de Jesus.
Jesus encontrou a João e a seu irmão Tiago consertando as redes junto ao mar da Galiléia. Ordenou-lhes que se fizessem ao largo e lançassem as redes. arrastaram um enorme quantidade de peixes - milagre que os convenceram do poder de Jesus. "E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram" (Lc 5.11) Simão Pedro foi com eles.
João parece ter sido um jovem impulsivo. Logo depois que ele e Tiago entraram para o círculo íntimo dos discípulos de Jesus, o Mestre os apelidou de "filhos do trovão" (Mc 3.17). Os discípulos pareciam relegar João a um lugar secundário em seu grupo. Todos os Evangelhos mencionavam a João depois de seu irmão Tiago; na maioria das vezes, parece, Tiago era o porta-voz dos dois irmãos. Paulo menciona a João entre os apóstolos em Jerusalém, mas o faz colocando o seu nome no fim da lista (Gl 2.9).
Muitas vezes João deixou transparecer suas emoções nas conversas com Jesus. Certa ocasião ele ficou transtornado porque alguém mais estava servindo em nome de Jesus. "E nós lho proibimos", disse ele a Jesus, "porque não seguia conosco" (Mc 9.38). Jesus replicou: "Não lho proibais... pois quem não é contra a nós, é por nós" (Mc 9.39,40). Noutra ocasião, ambiciosos, Tiago e João sugeriram que lhes fosse permitido assentar-se à esquerda e à direita de Jesus na sua glória. Esta idéia os indispôs com os outros discípulos (Mc 10.35-41).
Mas a ousadia de João foi-lhe vantajosa na hora da morte e da ressurreição de Jesus. Jo 18.15 diz que João era " conhecido  do sumo sacerdote".  Isto o tornaria facilmente vulnerável à prisão quando os aguardas do sumo sacerdote prenderam a Jesus. Não obstante, João foi o único apóstolo que se atreveu a permanecer ao pé da cruz, e Jesus entregou-lhe sua mãe aos seus cuidados (Jo 19.26-27). Ao ouvirem os discípulos que o corpo de Jesus já não estava no túmulo, João correu na frente dos outros e chegou primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que Pedro entrasse antes dele na câmara de sepultamento (Jo 20.1-4,8).
Se João escreveu, deveras, o quarto Evangelhos, as cartas de João e o Apocalipse, ele escreveu mais texto do NT do que qualquer dos demais apóstolos. Não temos motivo para duvidar de que esses livros não são de sua autoria.
Diz a tradição que ele cuidou da mãe  de Jesus enquanto pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a Roma e exilado na Ilha de Patmos. Acredita-se que ele viveu até avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso para sepultamento.
6. Judas
João refere-se a um dos discípulos como "Judas, não o Iscariotes" (Jo 14.22). Não é fácil determinar a identidade desse homem.
O NT refere-se a diversos homens com o nome de Judas - Judas Iscariotes; Judas, irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3); Judas, o galileu (At 5.37) e Judas, não o Iscariotes. Evidentemente, João desejava evitar confusão quando se referia a esse homem, especialmente porque o outro discípulo chamado Judas não gozava de boa fama.
Mateus e Marcos referem-se a esse homem como Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18). Lucas o menciona como "Judas, filho de Tiago" (Lc 6.16; At 1.13).
Não sabemos ao certo quem era o pai de Tadeu.
O Historiador Eusébio diz que Jesus uma vez enviou esse discípulo ao rei Abgar da Mesopotâmia a fim de orar pela sua cura. Segundo essa história, Judas foi a Abgar depois da ascensão de Jesus, e permaneceu para pregar em várias cidades da Mesopotâmia.  Diz outra tradição que esse discípulo foi assassinado por mágicos na cidade de Suanir, na Pérsia. O mataram a pauladas e pedradas.
7. Judas Iscariotes
Todos os Evangelhos colocam Judas Iscariotes no fim da lista dos discípulos de Jesus. Sem dúvida alguma isso reflete a má fama de Judas como traidor de Jesus.
A Palavra aramaica Iscariotes literalmente significa "homem de Queriote". Queriote era uma cidade próxima a Hebrom (Js 15.25). Contudo, João diz-nos que Judas era filho de Simão (Jo 6.71). Se Judas era, de fato, natural desta cidade, dentre os discípulos, ele era o único procedente da Judéia. Os habitantes da Judéia desprezavam o povo da Galiléia como rudes colonizadores de fronteira. Essa atitude pode ter alienado Judas Iscariotes dos demais discípulos.
Os Evangelhos não nos dizem exatamente quando Jesus chamou Judas para juntar-se ao grupo de seus seguidores. Talvez tenha sido nos primeiros dias, quando Jesus chamou tantos outros (Mt 4.18-22). Judas funcionava como tesoureiro dos discípulos, e pelo menos em uma ocasião ele manifestou uma atitude sovina para com o trabalho. Foi quando uma mulher por nome Maria derramou ungüento precioso sobre os pés de Jesus. Judas reclamou: "Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres?" (Jo 12.5). No versículo seguinte João comenta que Judas disse isto "não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão".
Enquanto os discípulos participavam de sua última refeição com Jesus, o Senhor revelou saber que estava prestes a ser traído e indicou Judas como o criminoso. Disse ele a Judas: "O que pretendes fazer,  faze-o depressa" (Jo 13.27). Todavia, os demais discípulos não suspeitavam do que Judas estava prestes a fazer. João relata que "como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa da Páscoa..." (Jo 13.28-29).
Judas traiu o Senhor Jesus, influenciado ou inspirado pelo maligno ( Lc 22.3; Jo 13.27). Tocado pelo remorso, Judas procurou devolver o dinheiro aos captores de Jesus e enforcou-se (Mt 27.5).
8. Mateus
Nos tempos de Jesus, o governo romano coletava diversos impostos do povo palestino. Pedágios para transportar mercadorias por terra ou por mar eram recolhidos por coletores particulares, os quais pagavam uma taxa ao governo romano pelo direito de avaliar esses tributos. Os cobradores de impostos auferiam lucros cobrando um imposto mais alto do que a lei permitia. Os coletores licenciados muitas vezes contratavam oficiais de menor categoria, chamados de publicanos, para efetuar o verdadeiro trabalho de coletar. Os publicanos recebiam seus próprios salários cobrando uma fração a mais do que seu empregador exigia. O discípulo Mateus era um desses publicanos; ele coletava pedágio na estrada entre Damasco e Aco; sua tenda estava localizada fora da cidade de Cafarnaum, o que lhe dava a oportunidade de, também, cobrar impostos dos pescadores.
Normalmente um publicano cobrava 5% do preço da compra de artigos normais de comércio, e até 12,5% sobre artigos de luxo. Mateus cobrava impostos também dos pescadores que trabalhavam no mar da Galiléia e dos barqueiros que traziam suas mercadorias das cidades situadas no outro lado do lago.
O judeus consideravam impuro o dinheiro dos cobradores de impostos, por isso nunca pediam troco. Se um judeu não tinha a quantia exata que o coletor exigia, ele emprestava-o a um amigo. Os judeus desprezavam os publicanos como agentes do odiado império romano e do rei títere judeu. Não era permitido aos publicanos prestar depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo de seu dinheiro ao templo. Um bom judeu não se associaria com publicanos (Mt 9.10-13).
Mas os judeus dividiam os cobradores de impostos em duas classes. a primeira era a dos gabbai,  que lançavam impostos gerais sobre a agricultura e arrecadavam do povo impostos de recenseamento. O  Segundo grupo compunha-se dos mokhsa era judeus, daí serem eles desprezados como traidores do seu próprio povo. Mateus pertencia a esta classe.
O Evangelho de Mateus diz-nos que Jesus se aproximou deste improvável discípulo quando ele esta sentado em sua coletoria. Jesus simplesmente ordenou a Mateus: "Segue-me!" Ele deixou o trabalho para seguir o Mestre (Mt 9.9).
Evidentemente, Mateus era um homem rico, porque ele deu um banquete em sua própria casa. "E numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa" (Lc 5.29). O simples fato de Mateus possuir casa própria indica que era mias rido do que o publicano típico.
Por causa da natureza de seu trabalho, temos certeza que Mateus sabia ler e escrever. Os documentos de papiro, relacionados com impostos, datados de cerca de 100 d.C., indicam que os publicanos eram muito eficientes em matéria de cálculos.
Mateus pode ter tido algum grau de parentesco com o discípulo Tiago, visto que se diz de cada um deles ser "filho de Alfeu" (Mt 10.3; Mc 2.14). Às vezes Lucas usa o nome Levi para referir-se a Mateus (Lc 5.27-29). Daí alguns estudiosos crerem que o nome de Mateus era Levi antes de se decidir-se a seguir a Jesus, e que Jesus lhe deu um novo nome, que significa "dádiva de Deus". Outros sugerem que Mateus era membro da tribo sacerdotal de Levi.
De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido, provavelmente, o de maior influência. A literatura cristã do segundo século faz mais citações do Evangelho de Mateus do qu de qualquer outro. Os pais da igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do NT provavelmente por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus desta a Jesus como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era o Messias prometido.
Não sabemos o que aconteceu com Mateus depois do dia de Pentecostes. Uma informação fornecida por John Foxe, declara que ele passou seus últimos anos pregando na Pártia e na Etiópia e que foi martirizado na cidade Nadabá em 60 d.C..  Não podemos julgar se esta informação é digna de confiança.
9. Filipe
O Evangelho de João é o único a dar-nos qualquer informação pormenorizada acerca do discípulos chamado Filipe. Jesus encontrou-se com ele pela primeira vez em Betânia, do outro lado do Jordão (Jo 1.28). É interessante notar que Jesus chamou a Filipe individualmente enquanto chamou a maioria dos outros em pares. Filipe apresentou Natanael a Jesus (Jo 1.45-51), e Jesus também chamou a Natanael (ou Bartolomeu) para seguí-lo.
Ao se reunirem 5 mil pessoas para ouvir a Jesus, Filipe perguntou ao Seu Senhor como alimentariam a multidão. "Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para  receber cada um o seu pedaço", disse ele (Jo 6.7). Noutra ocasião, um grupo de gregos dirigiu-se a Filipe e pediu-lhe que o apresentasse a Jesus. Filipe solicitou a ajuda de André e juntos levaram os homens para conhecê-lo (Jo 12.20-22).
Enquanto os discípulos tomavam a última refeição com Jesus, Filipe disse: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta" (Jo 14.8). Jesus respondeu que nele eles já tinham visto o Pai.
Esses três breves lampejos são tudo o que vemos acerca de Filipe. A igreja tem preservado muitas tradições a respeito de seu último ministério e morte. Segundo algumas delas, ele pregou na França; outras dizem que ele pregou no sul da Rússia, na Ásia Menor, ou até na Índia.  Nada de concreto portanto.
10. Simão Pedro
Era um homem de contrastes. Em Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?" Ele respondeu de imediato: "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" (Mt 16.15-16). Alguns versículos adiante, lemos: "E Pedro chamando-o à parte, começou a reprová-lo..." Era característico de Pedro passar de um extremo ao outro.
Ao tentar Jesus lavar-lhe os pés no cenáculo, o imoderado discípulo exclamou: "Nunca me lavarás os pés." Jesus, porém, insistiu e Pedro disse: "Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça" (Jo 13.8,9).
Na última noite que passaram juntos, ele disse a Jesus: "Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!" (Mc 14.29). Entretanto, dentro de poucas horas, ele não somente negou a Jesus mas praguejou (Mc 14.71).
Este temperamento volátil, imprevisível, muitas vezes deixou Pedro em dificuldades. Mas, o Espírito Santo o moldaria num líder, dinâmico, da igreja primitiva, um "homem-rocha" (Pedro significa "rocha") em todo o sentido.
Os escritores do NT usaram quatro nomes diferentes com referência a Pedro. Um é o nome hebraico Simeon (At 15.14), que pode significar "ouvir". O Segundo era Simão, a forma grega de Simeon. O terceiro nome era Cefas palavra aramaica que significa "rocha". O quarto nome era Pedro, palavra grega que significa "Pedra" ou "rocha"; os escritores do NT se referem ao discípulo com estes nomes mais vezes do que os outros três.
Quando Jesus encontrou este homem pela primeira vez, ele disse: "Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas" (Jo 1.42). Pedro e seu irmão André eram pescadores no mar da Galiléia (Mt 4.18; Mc 1.16). Ele falava com sotaque galileu, e seus maneirismos identificavam-no como um nativo inculto da fronteira da galiléia (Mc 14.70). Foi levado a Jesus pelo seu irmão André (Jo 1.40-42).
Enquanto Jesus pendia na cruz, Pedro estava provavelmente entre o grupo da Galiléia que "permaneceram a contemplar de longe estas coisas" (Lc 23.49). Em 1Pe 5.1, ele escreveu: "...eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo...".
Pedro encabeça a lista dos apóstolo em cada um dos relatos dos Evangelhos, o que sugere que os escritores do NT o consideravam o mais importante dos doze. Ele não escreveu tanto como João ou Mateus, mas emergiu como o  líder mais influente da igreja primitiva. Embora 120 seguidores de Jesus tenha recebido o Espírito Santo no dia do Pentecoste, a Bíblia registra as palavras de Pedro (At 2.14-40). Ele sugeriu que os apóstolos procurassem um substituto para Judas Iscariotes (At 1.22). Ele e João foram os primeiros a realizar um milagre depois do Pentecoste, curando um paralítico na Porta Formosa (At 3.1-11).
O livro de Atos acentua as viagens de Paulo, mas Pedro também viajou extensamente. Ele visitou Antioquia (Gl 2.11), Corinto (2Co 1.12) e talvez Roma.
Pedro sentiu-se livre para servir aos gentios (At 10), mas ele é mais bem conhecido como o apóstolo dos judeus (Gl 2.8). À medida que Paulo assumir um papel mais ativo na obra da igreja  e à medida que os judeus se tornavam mais hostis ao Cristianismo, Pedro foi relegado a segundo plano na narrativa do NT.
A tradição diz que a Basílica de São Pedro em Roma está edificada sobre o local onde ele foi sepultado. Escavações modernas sob a antiga igreja exibem um cemitério romano muito antigo e alguns túmulos usados apressadamente para sepultamentos cristãos. Uma leitura cuidadosa dos Evangelhos e do primitivo segmento de Atos tenderia a apoiar a tradição de que Pedro foi figura preeminente da igreja primitiva.
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11. Simão Zelote
Mateus refere-se a um discípulo chamado "Simão, o  Cananeu", enquanto Lucas e o livro de Atos referem-se a "Simão, o Zelote". esses nomes referem-se à mesma pessoa. Zelote é uma palavra grega que significa "zeloso"; "cananeu" é transliteração da palavra aramaica kanna'ah, que também significa "zeloso"; parece, pois, que este discípulo pertencia à seita judaica conhecida como zelotes.
A Bíblia não indica quando Simão, foi convidado para unir-se aos apóstolos. Diz a tradição que Jesus o chamou ao mesmo tempo em que chamou André e Pedro, Tiago e João, Judas Iscariotes e Tadeu (Mt 4.18-22).
Temos diversos relatos conflitantes acerca do ministério posterior deste homem e não é possível chegar a uma conclusão.
12. Tomé
O Evangelho  de João dá-nos um quadro mais completo do discípulo chamado Tomé do que o que recebemos dos Sinóticos ou do livro de Atos. João diz-nos que ele também era chamado Dídimo (Jo 20.24). A palavra grega para "gêmeos" assim como a palavra hebraica t'hom significa "gêmeo". A Vulgata Latina empregava Dídimo como nome próprio.
Não sabemos quem pode ter sido Tomé, nem sabemos coisa alguma a respeito do passado de sua família ou de como ele foi convidado para unir-se ao Senhor. Sabemos, contudo, que ele juntou-se a seis outros discípulos que voltaram aos barcos de pesca depois que Jesus foi crucificado (Jo 21.2-3). Isso sugere que ele pode ter aprendido a profissão de pescador quando jovem.
Diz a tradição que Tomé finalmente tornou-se missionário na Índia. Afirma-se que ele foi martirizado ali e sepultado em Mylapore, hoje subúrbio de Madrasta. Seu nome é lembrado pelo próprio título da igreja Martoma ou "Mestre Tome".
13. Matias (Substituto de Judas Iscariotes)
Após a morte de Judas, Pedro propôs que os discípulos escolhessem alguém para substituir o traidor. O discurso de Pedro esboçava certas qualificações para o novo apóstolo ( At 1.15-22). O apóstolo tinha de conhecer a Jesus "começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas". Tinha de ser também, "testemunha conosco de sua ressurreição" (At 1.22).
Os apóstolos encontraram dois homens que satisfaziam as qualificações: José, cognominado Justo, e Matias (At 1.23). Lançaram sortes para decidir a questão e a sorte recaiu sobre Matias.
O nome Matias é uma variante do hebraico Matatias, que significa "dom de Deus". Infelizmente, a Bíblia nada diz a respeito do ministério de Matias.