PASTOR CELSO SOARES NETO

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terça-feira, 1 de março de 2011

SOTERIOLOGIA







SOTERIOLOGIA

Dedicatória:

                A todos aqueles que são “nascidos de novo” (João 3), para que possam estar firmes na Palavra, conhecendo as profecias, crendo nelas, observando os sinais dos tempos, para que não sejam “confundidos por Ele na Sua vinda” (1 Jo 2:28), “Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pe 2:12). Sabendo, principalmente, que: “... ainda um pouquinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará” (Hb 10:37).
                Aos ainda não salvos, com a esperança de que se arrependam e creiam, o quanto antes (Lucas 12:20), no Senhor Jesus Cristo, ÚNICO caminho que leva ao Pai (João 14:6), sabendo que “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12).
                 E, principalmente:

“... ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém”.
(1Tm 1:17)

SOBRE VERSÃO

 

Pastor  Celso Soares Neto, filho de Pedro Maria Filho e Zilda Maria de Jesus, nascido em 15/01/1967, na cidade de Dores do Indaiá/MG a Avenida da Saudade 181 (conhecida com Beco do Cemitério),  onde vivi com meus pais e 14 (quatorze) irmãos, todos filhos de um mesmo casamento. Criado com muito amor e disciplina, também com grandes dificuldades financeiras.

Minha mãe padecia de diversas enfermidades, sendo assim fui praticamente criado por minhas duas irmãs Márcia e Aparecida.

Vim para Belo Horizonte ao 17(dezessete) anos para trabalhar no Banco Mercantil do Brasil, onde trabalhei por 11 (onze) anos, fui criado nesta época por minha irmã Branca e seu esposo Amadeu no qual foram meus segundo pais, de onde sai para casar em 1990.

Já casado passamos 06 (seis) anos sem Jesus em nosso casamento, mas faço menção ao meu cunhado Gerson Lopes Cançado, (in memorian) esposo da minha irmã Maria José, que muito me falava sobre Jesus, dando-me um Novo Testamento cumprindo assim em minha vida a palavra do Senhor que a semente (palavra) lançada não voltará vazia, também a minha amada sogra Maria das Mercês de Souza (in memorian) que tanto orou por mim e minha esposa.

Nos casamos na Igreja Batista do Barreiro, casamento celebrado pelo Pastor Carlos (conhecido como Carlão).

No tempo determinado por Deus, aceitei Jesus na Igreja Pentecostal Jesus é Amor, liderada pela Missionária Nilza, minha mãe na fé. Fui muito auxiliado,  por minha cunhada Mercês Maria, que aliás tem me ajudado espiritualmente até nos dias de hoje. Ao aceitar Jesus fui chamado para fazer parte do quadro de ceifeiros de sua obra, onde fui pastor por 04 (quatro) anos no Bairro Sol Nascente em Ibirité/MG.

Sendo direcionado pelo Senhor vim para Igreja Pentecostal Varões de Guerra, Congregação João Gomes Cardoso, onde permaneço até esta data, sendo pastor dirigente. Fui recebido pelo pastor presidente Ralph A. Assé, que me confiou a liderança desta igreja.

 

FORMAÇÃO TEOLÓGICA E ACADÊMICA


Médio em Teologia

STPMG - Seminário Teológico Pentecostal de MG

Registro: Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas nº 58.306, Livro A, Folha 3 e 4, CNPJ 16.748.089/0001-09

Capelania Cristã

ALACE - Associação Latino Americana de Capelania Evangélica

Registro do diploma: 2º cartório de registro de títulos e documentos de BH, nº 88.4683

Bacharel em Teologia Ministerial

ALACE - Associação Latino Americana de Capelania Evangélica

Registro: nº 11.9760, Lei Federal nº 10.51169, livro A, CNPJ 07.618.054/0001-04, com sede a Avenida Afonso Pena, 262/2009, Centro BH/MG

Registro do Aluno: 0209/05

Registro do diploma: 90.2832, no 2º cartório de registros e documentos/BH

Obs.: Nenhuma destas formações teriam sentido na minha vida se não fosse a presença viva e real do Espírito Santo de Deus no qual sempre agradeço essa dádiva que me foi concedida gratuitamente pela graça no Nosso Senhor e Salvador Jesus, que tributo toda honra, glória e louvor para Ele e por Ele até o fim dos séculos. Amém.


Bacharel em Administração (incompleto)

Instituto J. Andrade de Ensino Superior

Juatuba /MG

Registro do aluno: 11.01723




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SOTERIOLOGIA l
A doutrina da salvação

ÍNDICE

SOTERIOLOGIA
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
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INTRODUÇÃO


CAPÍTULO 1

A PESSOA E A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

1.1 A REVELAÇÃO PROGRESSIVA DO ESPÍRITO
SANTO...................................................................13

1.1.1 O Espírito Santo e Sua atuação no AT....................14

1.1.2 O Espírito Santo e a Encarnação do Verbo de
Deus.....................................................................17

1.1.3 O Espírito Santo e o Ministério de Jesus..............18
1.1.3.1 Jesus no poder do Espírito Santo.......................20



CAPÍTULO 2

2.1 A DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO.............23

2.1.1 O Espírito Santo no Pentecostes.......................24
2.1.1.1 A promessa é para todos...................................26
2.1.1.2 O Espírito Santo Desce Sobre os Gentios.........27
2.1.1.3 As línguas no Novo Testamento........................30

2.1.2 Os ofícios do Espírito Santo...............................37
2.1.2.1 O Fruto do Espírito.............................................38

CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INTRODUÇÃO
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16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, 17. o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós (Jo.14:16-17);

26. [...] mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito (Jo.16:26).


A soteriologia trata da obra redentora de Cristo e aborda sobre a atuação do Espírito Santo, o qual torna real no homem o que Cristo proveu na cruz do Calvário. Estudaremos, portanto, nos capítulos I e II o ministério do Espírito Santo, enfatizando o progresso da revelação, em que Ele é o agente revelador, e a Sua dispensação após o Pentecostes.
O Espírito Santo participou da obra da criação juntamente com Cristo, teve atuação importante na “Antiga Aliança”, porém Seu ministério começou no Pentecostes, depois que Jesus ascendeu ao céu (At.2:1-4), era preciso que Ele fosse para poder enviar o Consolador[1]. João Batista profetizou que Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mc.1:8[2]; Jo.1:33); Jesus confirmou em (Jo.14:16, 18, 23, 26)[3] e cumpriu-se justamente como estava escrito no Antigo Testamento: “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões” (Jl.2:28).
O batismo com o “Espírito Santo” é uma primeira obra da graça[4]. Os reformados estão de comum acordo que o batismo com ou no Espírito Santo acontece no momento da conversão em que o pecador justificado pela fé é introduzido ao corpo de Cristo, a igreja: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em (eiz) um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co.12:13 – Bíblia de Estudo Shedd, 1997 - negrito e parêntese nosso). O batismo com o Espírito Santo é a garantia da nossa salvação, se alguém não é batizado no Espírito Santo esse alguém não é salvo ainda[5]. Ninguém pode dizer que é filho de Deus sem ser batizado no Espírito de Deus, assim como ninguém pode dizer: “Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1Co.12:3), também não se pode dizer que nasceu do Espírito Santo, sem ser batizado por Ele. Trataremos, historicamente, da questão da segunda obra da graça sem deixar de salientar que a mesma foi motivo de divisões e de muita crise espiritual no meio evangélico em que pessoas querendo ser batizadas, à procura dessa experiência, frustraram-se, por não conseguirem, justamente porque aqueles que estão em Cristo já são batizados com o Espírito Santo, precisam apenas é de um transbordar desse Espírito. Hulse alerta-nos quanto a esse perigo:

A maior causa de divisão que se possa imaginar é negar este ensinamento, dividindo o corpo de Cristo em duas categorias; aqueles sobre os quais é dito terem o Espírito Santo adequadamente, mediante uma determinada experiência, e os que não têm tal experiência (1995. p.22).

Como estou introduzindo os capítulos, quero aproveitar para dizer que trataremos de um assunto no qual temos convivido diariamente no meio evangélico. São muitos os debates a respeito desse assunto, portanto, é de respeitável importância tanto para o meio acadêmico quanto para a vida espiritual de todo o cristão que busca o verdadeiro conhecimento das doutrinas bíblicas, pois devemos ter compromisso com a verdade revelada, e não com determinadas instituições que subjugam o homem a fim de torná-lo um alienado impotente, reproduzindo o pensamento que eles (os líderes) querem. Temos que engolir o que esses lideres querem? Somos seres racionais! Pensamos e sabemos o que pensamos. Temos a Bíblia agora! E a Reforma foi uma volta a “Sola Scriptura”. Isso também não quer dizer que as doutrinas das Igrejas nos torne insensíveis e percamos o primeiro amor devido ao zelo excessivo, assim como a Igreja de “Éfeso”. Odiava as obras dos “nicolaítas”, mas perdeu o que é de mais essencial: o amor. Sem ele, somos como sinos que soa: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras: e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap.2:4-5). Jorge Henrique Barros escreveu no primeiro capítulo de Uma Igreja Sem Propósito:

A essência aqui é o amor solidário. Uma importante advertência é necessária: não podemos valorizar um aspecto em detrimento de outro. Tanto o amor quanto a seriedade doutrinária são importantes. “A exortação para recuperar o primeiro não implica relaxamento doutrinário” (Ladd, 1980: 32). Doutrina sem amor corre o risco de assumir uma rigidez dogmática, na qual as pessoas passam a ser menos importantes. E, de fato, de quantas experiências, histórias e situações ouvimos falar, ou conhecemos pessoalmente, em que indivíduos são descartados em nome da doutrina. Joga-se a pessoa fora preferindo-se ficar com a doutrina” (BARROS, 2004. p.24).

Ele ainda acrescenta que uma “doutrina sem amor é legalismo. Amor sem doutrina é frouxidão e relaxo”. Quantas pessoas têm sido vítimas desses abusos! Líderes comprometidos com um “poder” que está acima dele, sem ser o poder Divino, massacra o povo de Deus em nome de uma fidelidade cega ao próprio homem. Ao invés de servirem a Deus, estão servindo ao seu próprio ventre, preferindo obedecer aos seus líderes corruptos e não ao seu Criador. Jesus tem algo para vocês líderes, que dizem que têm paixão pelas almas perdidas e jogam, insensivelmente, fora aqueles a quem Deus escolheu, como se fossem os donos da Igreja. O conselho para a igreja e os seus líderes: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap.2:5). Ou seja, transforma tua maneira de pensar e de agir se não o julgamento virá.
Pessoas que conhecem as antigas doutrinas da graça, mas negam essas verdades porque estão presas nos seus guetos denominacionais. Servimos a Deus ou ao homem? O conhecimento da palavra de Deus liberta. A Reforma Protestante foi um movimento direcionado pela vontade de Deus; Lutero ao estudar a Bíblia (nas línguas originais grega e hebraica) descobriu verdades imutáveis e não poderia negar tão grandes descobertas. Mesmo diante da morte, ele preferiu enfrentar os poderosos, muito embora as condições fossem de morte. Quem conhece a verdade e nega, seria melhor que as não tivessem conhecido.
“Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl.6:14).




CAPÍTULO 1
A PESSOA E A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
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1.1 A REVELAÇÃO PROGRESSIVA DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo de Deus, a terceira Pessoa da “Santíssima Trindade”, sempre esteve presente e operante tanto na obra da criação como na de redenção. No princípio Ele estava com Deus e agitava as águas do abismo como relata o texto da Bíblia de Jerusalém: “Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas” (Gn.1:2 – grifo nosso). Já a tradução João Ferreira de Almeida diz: “A terra, porém, estava sem forma e vazia: havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn.1:2 – grifo nosso). O “huah” poderia ser traduzir por “grande vento” e é mencionado pela primeira vez aqui. Sua revelação foi progressiva, principalmente porque o homem não estava preparado para compreender o que ainda não tinha capacidade de assimilar. Como poderia entender um Deus Triúno, uma nação monoteísta, vivendo cercada de pagãos politeístas. Embora o Espírito Santo tendo uma atuação marcante e preparatória em toda história da revelação, somente a partir do Pentecostes é que Ele age de forma definitiva, plena e abrangente sobre toda terra, vivificando, convencendo os eleitos do pecado, da justiça e do juízo.

1.1.1 O Espírito Santo e Sua atuação no Antigo Testamento

Em (Gn.1:2)[6], encontramos a primeira referência ao “huah” (vento de Deus) soprando sobre o abismo; em (Gn.2:7)[7], o “huah” é o Espírito de Deus dando o fôlego de vida, e o homem que havia sido criado por Deus passa a ser alma vivente; o Espírito Santo é de uma forma geral quem gera e sustenta a vida: “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida” (Jó.33:4), “Se ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra” (Sl.104:29, 30); o Espírito Santo, diz a Escritura, vinha sobre os juízes capacitando-os a agirem poderosamente: “Veio sobre ele o Espírito do SENHOR, e ele julgou a Israel; saiu à peleja, e o SENHOR lhe entregou nas mãos a Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia, contra o qual ele prevaleceu” (Jz.3:10); o Espírito do Todo-Poderoso dava sabedoria ao homem e Jó tinha convicção dessa realidade quando afirmou: “Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio” (Jó.32:8); o Espírito Santo também capacitou os artistas para que desempenhassem um papel importante na construção do Tabernáculo e dos adornos das vestes sacerdotais: “[...] e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício [...]” (Êx.31:3); “Falarás também a todos os homens hábeis a quem enchi do espírito de sabedoria, que façam vestes para Arão para consagrá-lo, para que me ministre o ofício sacerdotal” (Ex.28:3); o Espírito foi dado aos setenta para ajudar a Moisés no trabalho de governar e julgar Israel: “Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos [...]”; Josué também tinha o Espírito do Senhor: “Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe as mãos” (Nm.27:18); o Espírito do SENHOR também veio sobre o rei Saul e Davi capacitando-os para tão grande obra: “Chegando eles a Gibeá, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; o Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele profetizou no meio deles” (1Sm.10:10), “Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos, e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi [...]” (1Sm.16:13); os profetas falam pelo Espírito do SENHOR: “depois, o Espírito de Deus me levantou e me levou na sua visão à Caldéia, para os do cativeiro; e de mim se foi a visão que eu tivera” (Ez.11:24); “Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam, daí veio a grande ira do SENHOR dos Exércitos” (Zc.7:12).
Assim agia o Espírito Santo no Antigo Testamento, operando de forma geral e especial: de uma forma geral Ele age “de diferentes maneiras e em harmonia com os objetos envolvidos” sustentando toda sorte de vida (BERKHOF, 2OO2: 393); de uma forma especial Ele capacita indivíduos, como vimos, para realizar a obra do SENHOR de tal maneira que os objetivos são alcançados para a glória de Deus Pai.

1.1.2 O Espírito Santo e a Encarnação do Verbo de Deus

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo (Mt.1:18, 20)

A natureza de Cristo, segundo o credo reformado, foi “concebida no ventre da abençoada virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, sem o concurso do homem”. Comenta o Dr. Russell Shedd: “Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo, e nasceu de Maria, sendo esta ainda virgem. Sua concepção foi sobrenatural, não de semente humana, mas divina” (BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD, 1997: 1328). “[...] e lhe porás o nome de Jesus (yehôshua’, que significa: “O Senhor (Jeová) é a salvação”) porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt.1:21b – parêntese nosso). Berkhof diz que o elemento mais importante com relação ao nascimento de Jesus Cristo foi a operação miraculosa do Espírito Santo, portanto a semente incorruptível colocada no ventre de Maria pelo Santo Espírito não estava sujeita a herança pecaminosa de Adão, ou seja, não estava incluída na aliança das obras, estava, portanto, livre da culpa e do pecado.

1.1.3 O Espírito Santo e o Ministério de Jesus

O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado, a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para sua glória (Is.61:1-3)

Jesus começa Seu ministério sendo batizado por João, o qual vê o céu se rasgar e o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele (cf. Mt.3:16) para que fosse identificado por João como o Messias prometido que redimiria Israel. Conforme F.F. Bruce, o Espírito do SENHOR ao descer sobre Jesus identificou-O como o sucessor eterno do trono de Davi[8]. Dr. Russell Shedd tem a mesma opinião que Bruce:

O Espírito veio em forma corpórea para que os presentes pudessem reconhecer a Jesus como Messias (cf.Is.11:2,3; 42:1)[9] e para mostrar que estaria aberta a possibilidade de uma vida cheia do Espírito Santo (4:1, 14)” (COMENTÁRIO BÍBLIA SHEDD, 1997: 1429).

O próprio João Batista só reconheceu que Jesus era o Messias pelo sinal (o Espírito em forma de pomba), a voz do céu (cf. Mt.3:17)[10] confirma a visão:

Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus (Jo.1:33-34).


O que queremos enfatizar, na verdade, é a ação do Espírito de Deus na vida de Jesus mostrando que Ele é guiado pelo Espírito a fazer a vontade do Pai. Na Sinagoga de Nazaré (cf. Lc.4:16-19) mostra que essa profecia está cumprindo-se na prática:

[...] depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele (At.10:37b, 38).


1.1.3.1 Jesus no poder do Espírito Santo
Jesus cheio do Espírito foi guiado ao deserto, e ali, durante quarenta dias jejuando foi tentado pelo Diabo que procurou desviar Sua missão estabelecida por Deus (cf. Lc.4:1)[11]. Essa narrativa lembra os quarenta anos de Israel no deserto (Nm.14:34)[12] em que ele falhou na obediência e Jesus cumpre o propósito do Pai em obediência. Continua, no poder (dunamei - dinamei) do Espírito, Seu ministério na Galiléia (cf. Lc.4:14)[13]. Esse mesmo poder (dunamin - dinamim) (cf. At.1:8)[14] é oferecido ao crente no Pentecostes; Jesus glorifica a Deus Pai através do Espírito Santo (cf. Lc.10:21)[15]; ofereceu-se a Si mesmo, pelo poder do Espírito eterno, para purificar nossas consciências das obras mortas (cf. Hb.9:14)[16] padecendo morte de cruz para nos dar vida; o mesmo Espírito esteve agindo na ressurreição vivificando o corpo de Jesus Cristo (cf. Rm.1:4; 8;11)[17]; dias depois da Sua ressurreição, Jesus aparece aos discípulos e sopra sobre eles e diz: “Recebei o Espírito Santo” (Jo.20:22). Todavia, a atuação plena do Espírito Santo selando os que por Cristo vão sendo chamados (cf. 2Tm.2:19; Ef.1:13) dar-se-á no Pentecostes cumprindo a profecia de (Jr.31:33 e Jl.2:28)[18].





CAPÍTULO 2
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2.1 A DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco (Jo.14.16 – negrito nosso).

Outro (gr. Allos = outro da mesma espécie), Consolador (gr. Para “ao lado de” e kletos “chamado). Significa encorajador, quem dá força. Cristo está presente na igreja, no coração do crente através do Espírito Santo. Não só o Espírito Santo habita no crente, mas o Deus triúno faz nele morada: “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo.14:23 – grifo nosso).
A dispensação do Espírito marca uma nova era[19] na história da redenção do povo de Deus. Ele vai atuar na obra de salvação realizada por Cristo Jesus na cruz, regenerando, santificando e influenciando o coração daqueles que o Pai lhe confiou[20] de forma que nenhum deles se perca, pois é a vontade de Deus: “E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo.6:39). A ressurreição do último dia é o ápice da obra de redenção em que o selo do Espírito Santo é a marca dos que participarão da própria natureza de Deus (cf. Ef.4:30)[21].

2.1.1 O Espírito Santo no Pentecostes

1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; 2 de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. 3 E apareceram, distribuídas entre eles, línguas (gr. glwssai, glossai) como de fogo e pousou uma sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas (gr. glwssai, glossai), segundo o Espírito lhes concedia que falassem (At.2:1-4 – negrito, grifo e parêntese nosso).

É o início da Igreja Cristã, e todos são batizados pelo Espírito Santo segundo a promessa de Cristo (At.1:4)[22]. Significa a presença contínua e não esporádica habitando em toda a igreja (1Co.3:16; 12:12,13)[23]. A Sua presença enche a igreja de vida, promove poder para propagar o Evangelho, confronta o mundo sem temor, ganha almas e operar milagres. Conclui-se que aqueles que fazem parte desse corpo (igreja) todos são batizados com o Espírito Santo. Esse batismo é o novo nascimento e garante a nossa salvação (cf. Jo.10:28)[24].
Houve apenas um Pentecostes, porém, há repetidas plenitudes para serviço: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito [...]” (Ef.5:18). O verbo encher (gr. πληροϋσθε) encontra-se no imperativo tempo presente e indica uma ação contínua. É algo a ser feito constantemente.

2.1.1.1 A promessa é para todos.

Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus, chamar (At.2:39 – grifo nosso).

A promessa é universal, diz respeito a todos. Não é privilégio de alguns grupos pentecostais ou carismáticos. É uma promessa para todos os que fazem parte do corpo de Cristo. Uma promessa é algo que acontece porque o que prometeu é fiel. Não é preciso fazer nada para conseguir se fosse preciso fazer algo para conseguir o batismo com o Espírito Santo, a promessa deixaria de ser promessa. Deus prometeu e Ele vo-lo dará o Espírito Santo para que esteja para sempre convosco.

Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; os quais, descendo para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente havia sido batizados em o nome do Senhor Jesus. Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo (At.8:14:18).

Esses acontecimentos são interligados, há uma progressão de eventos, do começo ao fim. O objetivo é confirmar a promessa que é para todos os escolhidos (Ef.1:4)[25], ou seja, para todos os que Deus resgatou desta presente era perversa, segundo a vontade de nosso Deus e Pai (cf. Gl.1:4b)[26],

2.1.1.2 O Espírito Santo Desce Sobre os Gentios.
Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus (At.10:44-46 – grifo nosso).

Aqui foi através da palavra, não foi preciso a imposição de mãos, o Espírito Santo caiu sobre os gentios sem que estes fossem batizados nas águas (cf. At.10:47)[27].
O batismo com o Espírito Santo aconteceu imediatamente à conversão, ou seja, “enquanto Pedro falava” “caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra” “[...] confirmando, segundo comentário da Bíblia Shedd, sua inclusão na igreja sem conversão ao judaísmo”. Os que eram da circuncisão admiraram-se porque estavam ouvindo os gentios de língua grega falando em aramaico as grandezas de Deus, isso para confirmar que a graça de Deus os havia alcançado. As línguas, no sentido de confirmar a dispensação da graça, que alcançaria o mundo, só acontecem entre judeus e gentios.

Na Grécia.

[...] perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados: Responderam: No batismo de João. Disse-lhe Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam. Eram, ao todo, uns doze homens (At.19:2-7).


O texto é bastante claro, eles creram e foram batizados no batismo de João, todavia, ainda não faziam parte do corpo de Cristo (a igreja) que acabara de ser formada em Jerusalém no Pentecostes. Todos que iam se batizando, através da imposição de mãos, aderiam ao corpo de Cristo. O batismo foi uma seqüência para formação da igreja nascente, era algo desconhecido, por isso, eles respondem admirados: “[...] nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo”. É óbvio, o Reino estava se expandindo: “[...] mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e series minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At.1:8). Crer em Jesus antes do Pentecostes era ser batizado no batismo de João:

Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt.3:11).


Isso não implica em pensar que logo após o Pentecostes todos os crentes de outras localidades tivessem que ser batizados automaticamente. Eles foram sendo informados, e houve uma seqüência que foi até aos confins da terra, do batismo com o Espírito Santo o qual desciam sobre eles com imposição de mãos ou pela palavra quando eles criam e automaticamente sendo incorporados ao corpo de cristo (a igreja), também não podemos dizer que algumas pessoas só passaram a ser crentes depois da imposição de mãos. Não, eles agora passaram a fazer parte de uma nova aliança selada com o sangue de Cristo.
Para o biblista John Stott o que realmente importa é que os quatros elementos estão unidos. Eles eram partes distintas de uma única iniciação em Cristo, feita com batismo e imposição de mãos (exteriormente), e com a fé e o dom do Espírito (interiormente).

2.1.1.3 As línguas no Novo Testamento
As línguas em Atos eram “glossais” = “dialetos”, ou seja, línguas inteligíveis. Tinha o objetivo de proclamar as grandezas de Deus na língua materna de cada povo. Era o sinal que marcava um novo tempo na história de salvação, ou seja, serviu de bênçãos para os gentios que ouviram as grandezas de Deus em seus próprios idiomas, serviu, também, de juízo para os judeus incrédulos:

“1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; 2 de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. 3 E apareceram, distribuídas entre eles, línguas (gr. glwssai, glossai) como de fogo e pousou uma sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas (gr. glwssai, glossai), segundo o Espírito lhes concedia que falassem. 5 Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu. 6 Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, por quanto cada um os ouvia falar na sua própria língua (gr. glwssai, glossai). 7 Estavam, pois , atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? 8 E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua (gr. dialektw, dialekto) materna? 9 Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, 10 da Frigia, da Panfilia, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, 11 tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas (gr. glwssai, glossai) as grandezas de Deus? 12 Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? (At. 2:1-12 grifo nosso).

O local que eles estavam foi invadido por um vento impetuoso (cf. At.2:2) e ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outra língua conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Pessoas de várias nacionalidades estavam ali e cada uma ouvia falar em sua própria língua (glossais = dialetos), (cf. At.2:8), das grandezas de Deus (cf. At.2:11b). Portanto, as línguas do Pentecostes não eram línguas de anjos, nem um dialeto desconhecido, pois todos ouviam falar em seu próprio idioma. Tinha, dessa forma, o objetivo de evangelismo, de transmitir as boas novas (grandezas de Deus) de uma forma grandiosa, todos ficaram atônitos porque aquelas pessoas eram galileus e falavam aramaico, eles, porém, estavam ouvindo em seu próprio idioma.
O dom de línguas (glossais), na dispensação do Espírito, no NT, ocorreu pelo menos, depois do Pentecostes em Jerusalém, em três lugares: Cesaréia, Éfeso e Corinto.

Cesaréia

44 Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. 45 E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; 46 pois os ouviam falando em línguas (gr.glwssaiz, glossais)[28] e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro: 47 Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo? 48 E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então, lhe pediram que permanecesse com eles por alguns dias (At.10:44-48 grifo nosso).

As línguas (glossais) faladas em Cesaréia pelos gentios foram idiomas conhecidos pelos “fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro” e “os ouviam falando em línguas” “engrandecendo a Deus”. Se eles ouviam os gentios “engrandecendo a Deus” em seu próprio idioma, isso significa que eles estavam falando em glossais aramaica, pois os gentios falavam grego ou a língua nativa, e os discípulos, aramaico. Aqui acontece com os gentios o mesmo que aconteceu no dia de Pentecostes em (cf. At. 2:1-12). Só que no Pentecostes eles falaram em glossai para o mundo, pessoas de várias nacionalidades estavam ali e ouviam falar das “grandezas de Deus”. Em Cesaréia eles falam para os fiéis da circuncisão (judeus convertidos ao cristianismo) “agradecendo a Deus” louvando-O no idioma judaico (aramaico). Isso aconteceu, justamente, para comprovar que os gentios também estavam sendo alcançados pela graça salvadora e a promessa estava cumprindo-se, e é para todos quanto Deus chamar: judeus e gentios.


Éfeso

6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas (gr. glwssaiz , glossais) como profetizavam. 7 Eram, ao todo, uns doze homens (At.19:6-7 grifo nosso).

O mesmo tipo de língua (glossais) falada no dia do Pentecostes e em Cesaréia é o mesmo falado em Éfeso: dialetos humanos. Nada diz estes versículos que nos leve a crer que falaram em línguas de anjos (ininteligíveis). Ao falar em línguas eles estavam profetizando as grandezas de Deus e marcando um novo tempo, assim como, os gentios de Cesaréia[29].

Corinto
[...] a outro, operações de milagres; a outro, profecias; a outro, discernimento de espíritos; a um variedade de línguas (gr. glwssvn, glosson); e a outro, capacidade para interpretá-las (1Co.12:10 grifo nosso).

Aqui também fica entendido que se trata de um dialeto como em (cf. At.2:4-11), provavelmente desconhecido para quem está falando, mas conhecido para o ouvinte¹. O dom de línguas deveria ser usado para edificar a comunidade, quem estava falando em línguas na igreja de Corinto, estava edificando a si próprio e a forma correta era a edificação do corpo. Por isso quando Paulo diz: “Quem fala em língua a si mesmo se edifica [...]” (1Co.14:4), ele está dizendo que aquela pessoa está agindo egoistamente porque esse dom não é individual. Como não tinha ouvintes específicos de outras nacionalidades, assim como em Jerusalém, nem quem as interpretassem a fim de edificar a igreja, tendo em vista, pois, que esse dom fala das grandezas de Deus, engrandecendo e louvando-O pelos Seus poderosos feitos, por isso mesmo tinha como objetivo edificar o corpo de Cristo (a igreja), o Espírito Santo não exalta a nada nem ninguém além de Cristo no culto.
Em (1Co.12:28 e 30) Paulo usa respectivamente a mesma palavra para “dialeto” que usou anteriormente: “...variedades de línguas” (v.28) (gr. genh glwssvn , gnen glosson); “línguas” (v.30) (gr. glwssaiz, glossais).

- A introdução de (1Co.13) é feita com o final do (1Co.12) que diz: “Kai eti kaq uperBolhn odon umin deiknumi”. “E eu passo a mostra-vos ainda um caminho sobremodo excelente”.

Ainda que eu fale as línguas (gr. glwssaiz, glossais) dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1Co.13:1).

Glossais. Dialetos humano falado no Pentecostes. “Ainda que fale as línguas dos anjos” trata-se de uma “hipérbole” intencional para chamar atenção para aqueles que usam os dons sem a prática do amor ágape o qual ultrapassa todos os dons, que por sua vez, os membros da igreja devem aspirar. Deus é amor (Jo.3:16)[30]. Nada podemos afirmar, sobre a expressão empregada por Paulo: “línguas dos anjos”[31], tenha sido usada, ou seja, que o Espírito Santo tenha se manifestado com línguas celestiais para ministrar edificando a igreja nascente. Todavia, Paulo diz que vai mostrar um caminho mais excelente (gr. ύπερβολήν), ele faz comparações e a hipérbole é um exagero de palavra. Vejamos: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos”, a palavra “ainda significa que ele não falava; “Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas [...]”. Só quem conhece todos os mistérios e tem todo conhecimento é Deus; “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado [...]”. Ele não possuía nada para dá aos pobres, para se sustentar fabricava tendas. O que ele deixa claro é que os dons sem o amor é como o sino que soa.

2.1.2 Os ofícios do Espírito Santo
O Espírito Santo, o Consolador, tornou-se depois do Pentecostes o executor da obra de redenção, regenerando e santificando os que por Ele são convencidos do pecado da justiça e do juízo. Dessa forma Ele ministra em duas áreas específicas nos frutos do Espírito e capacitando sua igreja com dons Espirituais.

2.1.2.1 O Fruto do Espírito

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei (Gl.5:22-23).

O fruto do Espírito é implantado naqueles que nascem de Deus e são cultivados pelo próprio Espírito Santo fazendo com que o novo homem ande em novidade de vida e não mais esteja sujeito a carne. Todavia, “[...] a carne, milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si [...]”, esse conflito é inevitável, não pode ser evitado, a vitória, no entanto, também, não pode ser evitada, pois quem vence é o maior e o apóstolo João diz quem é o maior: “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1Jo.4:4). E se o que está nos verdadeiros crentes é maior, temos, portanto, a certeza da vitória sobre a carne, o mundo e o diabo. Essa vitória a pesar de já ter sido conquistada, por Jesus na cruz do Calvário, ela vem sendo consolidada (cf. Fp.2:12) na vida de cada crente através do amadurecimento do fruto do Espírito que acontece gradativamente. Afinal de contas o apóstolo Paulo diz em sua Carta aos Romanos que fomos predestinados para sermos conforme à imagem de Jesus Cristo[32].
O fruto do Espírito são qualidades morais cuja origem é Divina, todavia não há aqui pretensão de fazer uma lista completa de virtudes. O que Paulo selecionou foram características essenciais antes corrompidas pelo pecado que começa a ser restaurada, após a regeneração, pelo Espírito Santo. Passaremos a ver com detalhes cada uma dessas qualidades:
1. O amor (gr. Αγάπη).
O amor ágape é o amor pelo qual Deus nos amou primeiro: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado[33]” (Rm.5:5). Para que pudéssemos amar com o amor que Ele nos amor.
Esse amor é a base, o fundamento onde todos os outros frutos são edificados. Ninguém pode dizer que tem um fruto e o outro não; o que pode acontecer é que alguns frutos amadurecem mais rápido que outros.
O amor (ágape) nos constrange e leva-nos a agir ao contrário daquilo que a lógica estabeleceu como padrão. (1Co.13) é o exemplo daqueles que nasceram do Espírito: vivem um amor que não busca seus próprios interesses.
2. A alegria (gr. Χαρά).
Esta alegria não é gerada por elementos externos que produz uma momentânea e falsa alegria, mas é produzida pelo Espírito Santo de Deus que habita naqueles que por Ele foram regenerados (cf. 1Pe.23). Portanto, é uma alegria que não depende das circunstâncias e mesmo diante das labutas do dia-a-dia os filhos de Deus não desanimarão. Esta alegria impulsiona o crente a permanecer firme nas promessas do Senhor ajudando-o a não se desesperar diante das injustiças. Mesmo que choremos e tenhamos fome e sede de justiça há uma alegria imensurável como fonte de água viva que transborda para a vida eterna[34]. Escrevendo aos romanos o apóstolo Paulo ensina: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm.14:17).
3. A paz (gr. Είρήνη).
No hebraico paz é shalom: “Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou de o SENHOR é Paz” (Jz.6:24). Todos os que andam na presença de Deus desfruta dessa paz. Os israelitas perderam a paz porque não andaram nos caminhos do SENHOR (cf.Jz.6:1).
Na “Nova Aliança”, Cristo é a nossa paz (cf. Ef.2:14),[35] uma paz que excede todo entendimento (cf. Fp.4:7); porque, como a alegria, a paz não depende das circunstâncias e nem pode ser arrebatada por Satanás. Foi o príncipe da paz que nos deu: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize” (Jo.14:27). Essa paz não significa que seremos tirados da luta e da tribulação que cai sobre toda humanidade. Mas, seremos guardados nessa hora (cf. Ap.3:10)[36]. Quem tem essa paz é aprovado no dia da tribulação. Ao contrário do mundo que vive uma angústia eterna.
4. Longanimidade (gr. Μακροθυμία)[37].
Longanimidade é a paciência[38] com que Deus segura Sua ira diante da iniqüidade do homem: “Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição [...]” (Rm.9:22). Portanto longanimidade é a capacidade gerada pelo Espírito Santo no cerne do espírito humano em que ele passa a suportar determinadas afrontas sem se irar. O apóstolo Paulo exorta os colossenses a procederem como eleitos de Deus[39], cultivando os frutos do Espírito Santo. A longanimidade também se evidencia na capacidade de esperar: “Eis que temos por felizes os que perseveram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tg.5:11).
5. Benignidade (gr. Χρηστοτης).
Celebrarei as benignidades do SENHOR e os seus atos gloriosos, segundo tudo o que o SENHOR nos concedeu e segundo a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que usou para com eles, segundo as suas misericórdias e segundo a multidão das suas benignidades (Is.63:7).

Este fruto do Espírito, segundo muitos comentadores, é o que de maneira maravilhosa reflete mais o amor de Deus para com os outros sem interesses paralelos.
A benignidade evidencia-se na misericórdia e compaixão que exercemos para com o nosso próximo. O mundo age na base do interesse, visando algo em troca principalmente a glória deste mundo. Enquanto aqueles que nasceram de Deus, foram transformados pelo Seu poder já não pensam em amar por algo em troca, como os elogios ou os benefícios que possam advir de tais atitudes.
O maior ato da benignidade do SENHOR foi manifesto em Cristo Jesus para salvar pessoas que não mereciam, mas Ele prova o Seu amor para conosco tendo Cristo Jesus morrido na cruz sendo nós ainda pecadores. Vejamos a Carta do apóstolo Paulo endereçada a Tito:

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por mós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt. 3:4-7 – grifo nosso).


Como filhos de Deus, devemos nos interessar até pelos nossos inimigos, em todos os sentidos, principalmente no que concerne em lhes dá o que há de melhor, de mais essencial. O que uma pessoa pode querer que seja maior do que a vida eterna que Cristo nos deu? Devemos, portanto, pregar o Evangelho da salvação para elas. Isso não significa pensar que o lado social deve ser negligenciado. O mundo tem sua maior fome do Pão que veio do Céu: Jesus Cristo. Se há algo de bom que se possa fazer por alguém é dar-lhe desse pão que verdadeiramente sacia a fome.
Vejamos um bom exemplo da benignidade sendo exercida de forma altruísta: Uma jovem da comunidade (do Janga), mas que não era membro de nossa igreja, ficou doente. Quem fica doente e está ali na cama de um hospital sabe como é importante a visita de um amigo, principalmente dos parentes. E essa jovem ficou doente justamente quando seu pai havia parado de pagar o plano de saúde, e por incrível que pareça seus pais estavam em outro estado tendo a jovem ficado apenas com sua avó. Durante a cirurgia, no “Hospital da Restauração,” o apêndice estrangulou e ela ficou entre a vida e a morte. Com a jovem, tinha que ficar um acompanhante; sabemos as dificuldades para encontrar alguém que se disponibilize, nessas ocasiões, no sentido de render, de está ali dando um apoio, pernoitando com o enfermo. Foram três pessoas que estiveram no Hospital durante o tempo em que ela esteve internada: a avó, a amiga e a Irª. Solange que se disponibilizaram, deixando seus afazeres para está ali durante várias noites. Elas fizeram isso por amor, compaixão, sem nenhum interesse egoísta; Cristo foi quem melhor expressou esta qualidade. Na medida em que estamos sendo transformados na imagem do Filho de Deus[40] passaremos a agir, cada vez mais, como o nosso Salvador Jesus Cristo.
6. Bondade (gr. Τοιουτων).
Bondade[41] é generosidade em ação para com os outros. Uma pessoa é bondosa quando ajuda os necessitados como no caso do bom samaritano. Somos verdadeiros adoradores de Deus quando quebramos as muralhas das diferenças e só assim passaremos a ser conhecidos como verdadeiros cristãos. Esse fruto do Espírito, atualmente, está sendo pouco cultivado, ou melhor, está sendo negligenciado. Na verdade, sem o conhecimento da palavra de Deus os frutos permanecerão verdes ou levarão muito tempo para amadurecerem. A igreja de Roma é um bom exemplo desse conhecimento, pois o apóstolo diz que eles eram instruídos: “Meus irmãos, eu mesmo estou convencido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruídos, sendo capazes de aconselhar-se uns aos outros [..]” (Rm.15:14).
Vejamos o que Tiago fala a esse respeito: “De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo: Se um irmão ou irmã estiver necessitado de roupas do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso?” (Tg.2:14-16).
“Você pode ver que tanto a fé como as obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras” (Tg.2:19). Como vimos ai está a bondade de Deus que foi derramada em nossos corações pelo Seu infinito amor. Portanto não podemos ser crentes egocêntricos, voltados exclusivamente para nossos próprios interesses. Devemos, pois, nos preocupar com o nosso próximo, quando agimos dessa forma estamos buscando primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e com toda certeza, todas as outras coisas nos serão acrescentadas. Se agirmos de outra forma não estaremos evidenciando, através das nossas obras, a ação do Espírito Santo em nosso viver. Como crentes, raquíticos na fé, estaremos, desestruturados, vulneráveis as intempéries desta vida.
É importante salientar que toda boa obra, feita com o objetivo de obter mérito diante de Deus surge de um desejo egoísta daqueles que querem ser elogiados pelos outros. No entanto as obras do fruto do Espírito é um desejo gerado pelo “Espírito Santo”, por isso, podemos dizer que as obras não somos nós que fazemos, mais, Deus quem as faz. Somos apenas instrumentos em Suas mãos a fim de abençoarmos os outros. Somos guiados pelo Espírito a fazer a vontade de Deus.

7. Fé (gr. Πίστις).
Esse fruto do Espírito foi dado aos santos (Jd.3)[42] para que eles mantenham a fidelidade, perseverem no dia mal que há de vir sobre todo o mundo, para por a prova os que habitam na terra (cf. Ap.3:10). O apóstolo Paulo disse que o que vence o mundo é a nossa fé. W. Phillip Keller escreveu que a fé impulsiona o crente a vitória:
Ela crê que, para Deus, tudo é possível. Por isso marcha em frente, permanece firme, continua leal, mesmo em meio a reveses e decepções. Essa fé é estável, mesmo em face de experiências abaladoras, pois seu olhar está fixado naquele que é fiel, e não no caos e confusão das circunstâncias que nos cercam (1981: 128).

No mundo secular se você crer em algo significa que você acredita naquilo. E quando se acredita em alguma coisa as pessoas começam a agir harmoniosamente com a fé naquilo que acreditam. Assim como acontece no mundo econômico financeiro, se uma pessoa acredita que determinado investimento irá dar certo ele, com toda convicção, investirá todos seus recursos porque acredita, tem fé naquilo que está fazendo. Assim é com as coisas espirituais, ou se tem fé ou não se tem. Por isso, algumas pessoas ouvem a palavra e não acreditam, porque não têm fé no que ouviram. Elas permanecem incrédulas porque o diabo cegou as suas consciências para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Graça de Deus. E com toda certeza, ninguém quer vir a Ele para ter vida, a não ser que Ele dê vida aquele que está morto nos seus delitos e pecados. Tudo isso pela ótica bíblica de que a fé é um dom de Deus e que o homem só é salvo por ela. Vejamos o que o apóstolo Paulo diz: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8-9 – grifo nosso).
Fé também significa fidelidade[43]. Somos convidados a ser fiéis até a morte (Ap.2:10)[44]. Isso não significa pensar que podemos perder a salvação caso haja infidelidade, pois, trata-se, sem sombra de dúvida de exortação para o crente manter o testemunho (martíria) fiel da palavra de Deus nesse mundo estruturado na injustiça que se levanta contra o SENHOR do céu e da terra.


Para sermos fiéis escreveu Israel Belo Azevedo:

Não adianta ler a Bíblia toda em um mês. Isto pode ser até uma prática para um tempo de euforia, mas o crescimento virá com a leitura constante, cuidadosa, meditativa, realizada anos após anos. É um investimento para a vida toda (2003: p65).

8. Mansidão (gr. Πραΰτης).
Mansidão no hebraico significa gentileza, humildade, suavidade, brandura (Pv.15:33; 18:12; 22:4; Sf.2:3; Sl.18:35; 45:4). No grego ela tem o mesmo significado (Mt.5:5; 11:29; 21:5; 1Co.4:21; 2Co.10:1; Gl.5:22).
Na medida em que somos transformados de glória em glória na imagem de Cristo, tornamo-nos, cada vez mais, mansos e humildes de coração. Jesus é o grande exemplo: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt.11:29).
Os mansos não são covardes, ao contrário do que se pensa, eles são pacificadores, onde há discórdia eles levam a paz, agem dessa forma porque são cheios do Espírito Santo e procuram, assim como a corsa anseia por água, encherem-se do Espírito de Deus: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef.5:18).
O mundo precisa de pessoas mansas, que dêem testemunho com suas vidas da vitória que Cristo conquistou na Cruz. Agindo assim, Deus é glorificado e exaltado entre as nações. Quem procede dessa forma são os verdadeiros adoradores. Onde estão os mansos da Igreja? Um líder manso é uma pessoa que vive em prol do Reino, ou seja, busca a unidade e o crescimento espiritual dos seus liderados. O mundo é diferente, a arrogância, a prepotência, o individualismo e a auto-exaltação são marcas características do líder mercenário que denigre o Evangelho para adquirir o que o vazio do seu espírito almeja insaciavelmente.
Uma grande característica dos verdadeiros mansos é que eles não se conformam com esse mundo mau e procuram transformá-lo, sem ser pela violência, mas através da paz e do amor de Deus. A transformação acontece pelo testemunho fiel.
9. Domínio Próprio (gr. έγκράτεια).
Esta palavra significa autocontrole, domínio próprio, ponto de equilíbrio entre um extremo e outro. O homem guiado pelo Espírito Santo não é um descontrolado, um colérico, mas uma pessoa que diante de uma situação que humanamente falando exige uma atitude enérgica (violenta), o servo de Deus consegue dar a volta por cima e agir com moderação[45] (autocontrole).
Fomos chamados a agirmos com sobriedade: “Mas tu sê sóbrio em tudo [...]” (2Tm.4:5); “E já que está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios [...]” (1Pe.4:7). Por que esse fruto é tão importante em nossas vidas? Muito sal pode prejudicar a saúde; a luz em excesso pode cegar; o fogo sem controle pode destruir. O super crente pode ser uma má influência e levar os irmãos a cometerem os mesmos excessos. O apóstolo Paulo fala à igreja de Corinto, a fim de doutriná-la, ensinando que os carismas sem amor são como o bronze que soa (cf. 1Co.13:1). Ali havia um grupo de super crentes e eles achavam-se altamente espirituais porque falavam em línguas, mas, o apóstolo se dirigiu a eles como a carnais, meninos em Cristo (cf. 1Co.3:1-2). Quando os frutos permanecem verdes não existe o equilíbrio necessário para o funcionamento sadio, não haverá unidade e Deus ama a unidade: “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós” (Jo.17:11).




CONCLUSÃO
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A soteriologia é uma doutrina muito importante, porque trata, justamente, da nossa salvação. É, portanto, preciso estudá-la de uma forma bastante responsável posto que há muitas coisas escritas sobre esse assunto que foge a ortodoxia cristã e podemos cair nas malhas do falso ensino. Mas como se proteger de tais doutrinas? Estude a Bíblia e quando procurar alguém para lhe ensinar que seja comprometido com a palavra de Deus.
Muitos não acreditam nas antigas doutrinas da graça porque não estudam, não são como os crentes de Beréia: que investigavam todos os dias as Escrituras. Os crentes de hoje têm pouco ou nenhum interesse pelo estudo teológico. O Evangelho dessas pessoas é de uma linguagem superficial, sincretizado, valorizando as experiências isoladas (emocionalismo) dando, também, uma maior ênfase às coisas materiais (teologia da prosperidade) deixando de pregar todo o conselho de Deus. O apóstolo Paulo incentiva-nos com muitos conselhos a pregação do Evangelho da salvação (cf. Ef.1:17). Para que assim aconteça precisamos conhecer a Bíblia e nos familiarizar com as suas doutrinas.






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AMARAL, Leila. Nova Era: um desafio para os cristãos. Editora Paulinas. São Paulo, 1994.

BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD, Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. São Paulo. Vida Nova, 1997. 1929p.

BELO, Israel Azevedo de. O Fruto do Espírito: a vida cristã como ela deve ser. São Paulo. Editora Sepal, 2003. p73. 103p.

BERKHOF, Loius. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2001. 720p.

NICODEMUS, Augustus Lopes. Cheios do Espírito. São Paulo Editora Cultura Cristã. São Paulo, 1998. 78p.

ORTON, H. Wiley / CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo. Casa Nazareno de Publicações. São Paulo, 1990. 516p.

PACKER, J. I. Teologia Concisa: Síntese dos fundamentos históricos da fé cristã. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 1998. 246p.
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ROBERTSON, Palmer O. A Palavra Final: Resposta bíblica à questão das línguas e profecias hoje. São Paulo. Editora Os Puritanos, 1999. 167p.

HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Hagnos, 2001. 1711p.

SPROUL, R.C. Ministério do Espírito Santo. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2002. 160p.



DOUTRINA DA SALVAÇÃO

INTRODUÇÃO

A salvação para o homem não é obra humana, pois a salvação vem de Deus. Isto significa que o homem depende inteiramente de Deus. A salvação se dá pela regeneração e pela renovação do Espírito Santo de Deus, assim o homem é justificado pela graça, mediante a fé, tornando-se herdeiro de Deus e alcançando a vida eterna.
CONCEITO DE SALVAÇÃO
Conceito de Salvação: [o vocábulo Gr. Soteria = cura, remédio, salvação, bem-estar + logia = ensino, estudo, doutrina, etc.]. Então SOTERIOLOGIA significa – estudo sistemático das verdades bíblicas acerca da salvação.
I. A PROVISÃO DA SALVAÇÃO.
As Sagradas Escrituras afirmam que Cristo é tanto o Autor como o Consumador da fé (Hb 12.2).
A designação de Autor refere-se à provisão da salvação mediante Jesus Cristo; e Consumador refere-se à aplicação desta salvação também mediante Cristo.
Vamos analisar as causas da provisão da salvação:
  1. O PECADO DO HOMEM.
Por causa da própria natureza caída, o homem, desde o seu nascimento até a sua morte, está em inimizade com Deus (Sl 51.5; Rm 7. 24).
O pecado é um estado mau da alma ou da personalidade. Desta forma, às escrituras apresenta o homem como um ser totalmente depravado, alienado da glória de Deus e destinado ao castigo divino (Rm 3. 23). Deste modo, por si só, o homem não pode se salvar (Rm 7. 18).
Sob a perspectiva divina, o homem é considerado alguém espiritualmente paralítico, aguardando o estender do braço salvador (Is 59. 16).
2. A GRAÇA DIVINA
No contexto da Doutrina da Salvação, a graça de Deus é abordada sob dois aspectos:
a) Como favor imerecido da parte de Deus, para com todos indistintamente (Jo 3. 16).
b) Como poder restringidor do pecado, operando na reconciliação do homem e sua santificação (Jo 1. 16; Rm 5. 20).
A proporção da graça que o homem recebe depende exclusivamente da sua decisão, independentemente da vontade de Deus, já manifesta. Por esta razão, nos adverte o apóstolo Pedro (vejamos 2 Pe 3. 18).
3. A PROVISÃO DE CRISTO
Apesar de estar empenhado na nossa salvação e segurança, não é querer de Deus declarar-nos inocentes simplesmente. Devemos ter em mente o fato de que Deus é um Deus não só de amor, é um Deus também de justiça. Portanto, para Deus declarar-nos inocentes independentemente da nossa conversão, seria uma ofensa a sua justiça. Seria um procedimento que entraria em choque com a sua santidade que declara que a alma que peca essa morrerá (Ez 18. 4, 20).
Então, como poderia Deus manter a perfeição da sua justiça e ainda assim salvar pecadores? A resposta está no fato de que Deus não desculpa o nosso pecado, pelo contrário, Ele o remove completamente.
Vejamos o que nos dizem as Escrituras (Jo 1.29).
Assim como o cordeiro para o uso nos sacrifícios da antiga aliança devia ser um animal sem nenhum defeito, ou mancha, de igual modo Deus requeria um cordeiro substituto perfeito, capaz de oferecer um único sacrifício suficiente para salvar a tantos quantos aceitasse o seu sacrifício (Hb 9. 14).
4. O ALCANCE DA SALVAÇÃO
Observe a seguinte indagação: “Por quem Cristo morreu?”.
Se a resposta for “Pelo mundo inteiro”, alguém dirá: “Porque então nem todas as pessoas são salvas?”.
Se a resposta for “Pelos eleitos”, outro articulará: “Deus é injusto, pois a salvação é limitada”.
A fim de equacionar esta questão, a Bíblia se nos oferece respostas:
a) A salvação é para o mundo inteiro (Hb 2. 9; 1 Jo 2.2).
b) A salvação é para os que crêem ( 1 Tm 4. 10; At 16. 31).
c) Alguns abandonarão a salvação. (2 Pe 2. 1).
II. O ASPECTO DIVINO DA SALVAÇÃO.
A salvação tem seu fundamento em Deus. Perguntas como: “Por que somos salvos” e “Como somos salvos”, só podem encontrar resposta verdadeira em algo fora do homem, em Deus. É este aspecto da salvação que vamos considerar aqui.
1. A PRESCIÊNCIA DE DEUS
“Presciência é o aspecto da onisciência relacionado com o fato de Deus conhecer todos os eventos e possibilidades futuros”.
Este atributo divino não interfere nas decisões do homem, nem do seu livre arbítrio.
As ações do homem não são permitidas ou impedidas simplesmente porque são previamente conhecidas por Deus.
Para uma melhor compreensão do assunto, você poderá ler as seguintes referências bíblicas: At 2.23; 26. 5; Rm 3. 25; 8. 29; 11. 2; 1 Pe 1. 2, 20; 2 Pe 3.17.
2. A ELEIÇÃO DIVINA
Eleição é o ato de eleger, escolha.
É o diploma divino com que é agraciado todo o que recebe a Cristo Jesus como seu único e suficiente salvador (Jo 3. 16).
A eleição subentende que a pessoa, mediante o sacrifício de Cristo, já atendeu a todos os requisitos exigidos pela justiça de Deus quanto ao perdão de seus pecados.
2.1. CONSIDEARAÇÕES SOBRE A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
Na explicação da eleição, é preciso levar em conta as duas verdades bíblicas, que é a da soberania de Deus e a da responsabilidade do homem na salvação.
a) A INICIATIVA DE DEUS NA SALVAÇÃO
Deus é quem toma a iniciativa na salvação das pessoas.
A necessidade desta iniciativa vem do fato do homem estar morto espiritualmente e não poder operar a sua própria salvação (Ef 2. 1-3, 5, 6).
O pecador, sem a graça de Deus (1 Co 2. 14; 2 Co 4. 4; Ef 4. 18). Por isto, Deus toma a iniciativa na salvação do homem.
b) A RESPONSABILIDADE DO HOMEM
Não obstante a eleição, o homem ainda fica livre e responsável por suas decisões (Lc 9. 23; Ap 22. 17).
Deus trabalha no homem. A mente, as emoções, à vontade, a consciência do homem são trabalhadas (e não substituídas) por Deus, através do Espírito Santo e da Palavra, de maneira que o homem possa aceitar, ele mesmo, e com responsabilidade e vontade própria, a oferta de Deus.
No plano geral de Deus, a obra de Cristo visa a todos (Gn 12. 2; Mt 28. 19, 20; 1 Jo 2. 1, 2; Ef 3. 6; Tt 2. 11). Dentro desse plano geral vem a eleição; dentro da eleição está a liberdade e a responsabilidade do indivíduo (Rm 2. 12; Mt 11. 20-24).
A maior dificuldade em entender a eleição está no fator tempo. Daí a freqüência com que surge a seguinte pergunta: “Se a pessoa é eleita antes de lançados os fundamentos da terra, como, pois, a eleição pode ser baseada na fé em Cristo?”. Pedro responde esta pergunta, vejamos (1 Pe 1. 2). Baseado no seu conhecimento quanto à decisão que o crente tomaria, Deus o elegeu, antes mesmo de lançados os fundamentos da terra.
3. A PREDESTINAÇÃO
A doutrina da predestinação é uma das mais consoladoras doutrinas da Bíblia.
Sua essência repousa no fato de que Deus tem um plano geral e original para o mundo, que seus propósitos jamais serão frustrados.
3.1. DEFINIÇÃO DA PALAVRA “PREDESTINAÇÃO”
“Predestinação” – pré = antes + destinar = destino. Que é destinar com antecipação; escolher desde toda a eternidade, etc. Este termo é do ponto de vista literário.
Do ponto de vista divino, predestinação, segundo se depreende, assume um caráter de profundo significado e de infinito alcance.
Tal expressão vem do grego “proo-rdzo”, que, literalmente, significa “assimilar de antemão”;
A preposição grega “pro” faz essa palavra indicar uma atividade feita de antemão, etc.
Para entender melhor a Doutrina da Predestinação vamos lê João 3.16.
a) A PREDESTINAÇÃO É UNIVERSAL.
Deus, em seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos à vida eterna (At 17. 30; Jo 3. 17).
Ninguém foi predestinado ao lago de fogo que, conforme bem acentuou Jesus, fora preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25. 41).
b) MAS O FATO DE O HOMEM SER PREDESTINADO A VIDA ETERNA NÃO LHE GARANTE A BEM-AVENTURANÇA.
É necessário que o homem creia no evangelho (Rm 1. 16). Somente assim poderá ser havido por eleito (Jo 5. 24; Mc 16. 16; Jo 3. 18-21).
III. O ASPECTO HUMANO DA SALVAÇÃO
Faz-se necessário abordarmos o aspecto humano da salvação.
A salvação é um ato que parte de Deus em favor do homem, e não do homem em favor de Deus. Haja vista a impossibilidade do homem em agradar a Deus por si só houve a necessidade da iniciativa divina em prover a salvação independentemente dos méritos humanos. Porém, existem três atos de responsabilidade do homem, embora nestes também o pecador dependa da graça de Deus para a sua realização. Estes atos são tratados aqui numa ordem que tem sentido apenas lógico, e não cronológico, porque, na verdade, eles se realizam simultaneamente.
1. ARREPENDIMENTO
2.1. EXIGÊNCIA DO ARREPENDIMENTO NA SALVAÇÃO
Arrependimento é o primeiro passo que se requer na salvação. Sem ele não há salvação. Os profetas do antigo testamento pregaram o arrependimento, implícito na idéia da salvação, como uma exigência básica de Deus para o livramento do povo (Dt 30. 10; Jr 8. 6; Ez 18. 30).
Arrependimento foi também o ponto alto na pregação de João, o Batista, como exigência do Reino de Deus (Mt 3. 2; Mc 1. 15).
Jesus seguiu a mesma linha de pregação do precursor, requerendo o arrependimento dos homens para a entrada no Reino de Deus (Mt 4. 17; Lc 13. 3-5).
O mesmo fez os apóstolos (Mc 6. 12; At 2. 38; 3. 19; 20. 21; 26.20). O arrependimento é uma ordem de Deus para todos os homens e em todos os lugares (At 17. 30).
2.2. SIGNIFICADO DE ARREPENDIMENTO
O arrependimento (gr. Metanoia) é essencialmente uma mudança na mente em relação ao pecado e a Deus.
O arrependimento envolve uma completa mudança de pensamento sobre o pecado e a percepção da necessidade de um salvador.
Esses são os passos que levam o homem ao arrependimento operado por Deus:
a) RECONHECIMENTO DO PECADO (Sl 51. 3,7)
b) TRISTEZA PELO PECADO (Sl 51. 1,2; 2 Co 7. 9,10).
c) ABANDONO DO PECADO (1 Jo3.9).
A pessoa arrependida quer fazer a vontade de Deus. Decide deixar o pecado e seguir a cristo.
2. FÉ EM JESUS CRISTO:
2.1. A EXIGÊNCIA DA FÉ PARA A SALVAÇÃO
Junto com a exigência do arrependimento para a salvação vem a fé em Cristo. A fé é o elemento essencial na salvação cristã. É por meio dela que a graça divina opera em nós. É pela fé em cristo que somos salvos (At 16. 31; Ef 2. 8; Rm 5. 1).
Paulo resume sua exortação aos cristãos da Galácia dizendo que “em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor” (Gl 5. 6). A fé é básica no plano redentivo de Deus.
2.2. CONCEITO DE FÉ SALVADORA
A fé salvadora [Do gr. Pistenõ; Do lat. Salvadore] isto é, proveniente da proclamação do evangelho, esta fé leva-nos a receber a Cristo como nosso único e suficiente salvador (Jo 3. 16).
A fé salvadora só há de nascer no coração humano através da pregação do evangelho (Rm 10. 13-17). Sem a mensagem da cruz, não pode haver fé salvadora.
3. CONVERSÃO
3.1. SIGNIFICADO DE CONVERSÃO E SUA RELAÇÃO COM ARREPENDIMENTO E FÉ
Deus requer a conversão dos pecadores para que sejam perdoados e salvos (Is 55. 7; Jr 18. 11; Mt 18. 3; At 3. 19), como também exige arrependimento e fé (At 2. 38; 16. 31).
A conversão está intimamente associada ao arrependimento e a fé, mas destes pode ser distinguida. Num sentido mais geral, conversão inclui o arrependimento e a fé (At 3. 19; At 2. 38; At 16. 31).
IV. COMPOSIÇÃO DA SALVAÇÃO
1. UNIÃO COM CRISTO:
1.1. UNIÃO COM CRISTO COMO LUGAR DA SALVAÇÃO.
Em Cristo é o lugar onde se opera a salvação. Os homens estão em Cristo ou fora de Cristo, e por isto, salvos ou perdidos. Paulo declara que “Se alguém está em Cristo nova criatura é” (2 Co 5. 17). Recebemos todas as bênçãos espirituais como resultados de estarmos “em Cristo” (Ef 1. 3-14).
Em Romanos 6. 1ss, o apóstolo explica que o segredo da salvação efetiva na vida, capaz de produzir santificação e libertação, é a nossa união com Cristo, da qual o batismo é um sinal exterior.
Em João 15. 1ss, também está claro que a única maneira de se viver à vida cristã é na união com Cristo. Este é o ensino uniforme do novo testamento. No arrependimento, fé e conversão, o pecador é levado até Cristo e único a ele pelo Espírito Santo.
2. REGENERAÇÃO
A regeneração difere do arrependimento, fé e conversão no sentido de que ela é uma ação direta de Deus na vida do crente. O homem deve arrepender-se, crer e converter-se; assim Deus ordena. Mas não há mandamento para que o homem se regenere, pois esta é uma obra de Deus. Ela é o princípio essencial da salvação.
2.1. TERMINOLOGIA BÍBLICA
A Bíblia utiliza vários termos para referir-se ao que chamamos de regeneração.
Entre outros, ela fala de novo nascimento (Jo 3. 3) ou nascido de Deus (Jo 1.13; Jo 5. 1, 4); renovação pelo Espírito (Tt 3. 5); vivificação (Ef 2. 1, 5); nova criação (Cl 2. 13; 3. 1). O termo mais apropriado e utilizado na teologia é regeneração (Tt 3. 5; 1 Pe 1. 3). A idéia Bíblica é de que há um homem natural e outro regenerado, ou feito de novo em Cristo.
2.2. NECESSIDADE DA REGENERAÇÃO
Regeneração é uma exigência absoluta para a entrada no Reino de Deus (Jo 3. 3).
A razão disto é que o homem está morto em delitos e pecados (Ef 2. 1), e precisa de uma vivificação de fora para poder viver eternamente (Ef 2. 4-6).
Nessa vivificação o pecador é santificado, e sem esta nova vida moral e espiritual ele não poderia ter comunhão com Deus (Hb 10. 10; 12. 14).
Além disto, o padrão ético-religioso de Jesus para os seus seguidores está muito acima daquilo que o homem natural pode atingir. Ele requer uma justiça acima da “dos escribas e fariseus” (Mt 5. 20); o caráter dos cidadãos do Reino de Deus é muitíssimo elevado (Mt 5 a 7); o alvo de perfeição é o próprio Pai celestial (Mt 5. 48); o amor para com Deus deve ser incondicional (Mt 22. 37s).
Por tudo isto se requer uma nova vida, vinda de Deus para dentro do coração do homem, conforme Ele mesmo prometeu fazer muito tempo antes (Jr 31. 33, 34; Ez 36. 26,27).
2.3. SIGNIFICADO DE REGENERAÇÃO
Regeneração é o ato de Deus pelo qual Ele muda a disposição moral da alma do indivíduo, na união com Cristo, tornando-o moral e espiritualmente semelhante a Cristo. Deste conceito podemos destacar os seguintes aspectos:
2.3.1 REGENERAÇÃO COMO UM ATO DE DEUS
É Deus quem opera a regeneração, pelo seu Espírito (Jo 1. 13; 3. 5, 6; Tt 3. 5; 1 Pe 1. 3).
O Espírito Santo convence o homem “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16. 8). Ele purifica e renova o coração e a alma.
A palavra de Deus é o instrumento que o Espírito Santo usa na regeneração (Rm 1. 16; 1 Co 1.21; 1 Ts 2. 13; 1 Pe 1. 23).
O pregador pode semear a palavra e cuidar da semente, mas só Deus dá o crescimento (1 Co 3. 6).
2.3.2 REGENERAÇÃO COMO MUDANÇA NA ALMA
Na regeneração Deus muda a disposição moral dominante da alma do pecador. Romanos 8. 5-7, diz como é a disposição moral dominante de quem não é regenerado:
a) É carnal, isto é, recebe seu impulso dominante da própria natureza humana, no seu estado de depravação ou corrupção, e não do Espírito de Deus.
b) É também mortal, quer dizer, tem em si o germe da morte e conduz pra lá.
c) É ainda inimiga de Deus e insubmissa a lei divina.
As inclinações naturais do não regenerado são, em sua natureza moral, concupiscentes, infames e depravadas (Rm 1. 24, 26, 28).
O homem, por natureza, está morto em delitos e pecados, e como tal é levado como um cadáver por uma tríade infernal: o mundo, o diabo e a carne (Ef 2. 1-3).
Na regeneração, esta situação do homem natural é revertida. A paixão dominante da alma converte-se em amor para com a justiça e ódio para com o pecado (1 Jo 3. 6-9).
Produz-se no crente a imagem moral e espiritual de Cristo (Rm 8. 29; 1 Jo 3.2).
O velho homem morre crucificado com Cristo (Rm 6. 6), e ressurge um novo homem, que se renova para a eternidade (cl 3. 9, 10).
2.3.3 REGENERAÇÃO E A UNIÃO COM CRISTO
O lugar onde se opera a regeneração é em Cristo (2 Co 5. 17). Nele o velho homem morre e o novo homem é criado (Ef 2. 10).
Esta união é obra do Espírito Santo naquele que crê; com isto ele é unido a Cristo pelo Espírito Santo (Ef 1.13).
2.3.4 REGENERAÇÃO E SEMELHANÇA MORAL COM CRISTO
Nasce no regenerado um novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade (Ef 4. 24). Em princípio, o regenerado se torna semelhante a Cristo. Ele não pode mais descansar numa vida de pecado. Por causa da luta ou guerra espiritual do crente com o pecado (Gl 5. 16-17). É disto que nasce o impulso da santificação, como um processo de conformação contínua do crente com a imagem de Cristo (Rm 12. 1-2).
2.4. EFEITOS DA REGENERAÇÃO
A regeneração produz efeitos posicionais, espirituais e práticos.
1) EFEITOS POSICIONAIS
É a condição de filho de Deus por adoção (Jo 1. 12, 13; Rm 8. 16; Gl 4. 6); como filho, o crente é também herdeiro de Deus e co-herdeiro de Cristo (Rm 8. 17), cuja herança fica assegurada no céu (1 Pe 1. 4). Além disto, por ser filho o crente goza do acesso ao Pai Celestial e tem comunhão com Ele (Rm 5. 1ss).
2) OS EFEITOS ESPIRITUAIS
São as virtudes que o crente recebe do Senhor na sua alma (Gl 2. 20). “Ele é fortalecido no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6. 10; 3. 16-19).
3) OS EFEITOS PRÁTICOS
Aparecem na vida do crente no dia-a-dia. Ele busca a vida de justiça, santidade, amor e verdade (Ef 4. 22ss). Ele pratica o amor fraternal, serve a Cristo e aos irmãos. Produz as obras que é o fruto da vida em Cristo (Gl 5. 22; Ef 5. 9-11).
3. JUSTIFICAÇÃO
3.1. O LUGAR DA JUSTIFICAÇÃO NA BÍBLIA
A justificação é uma doutrina importante na ordem da salvação, a julgar pela ênfase e importância que a Bíblia dá a ela. É o apóstolo Paulo quem desenvolve e mais enfatiza a doutrina da justificação, especialmente em Romanos e Gálatas (cf. Rm 3. 24, 25, 26; 4. 25; 5. 1,16, 18; 8. 33; Gl 2. 16; 3. 11; At 13. 39). Mas não foi apenas Paulo que falou dessa doutrina. O profeta Isaías já havia se referido a ela como uma obra do Messias, que iria justificar a muitos (Is 53. 11). Jesus Cristo também fez menção à justificação quando disse que o pecador publicano “desceu justificado para a sua casa” (Lc 18. 14).
Portanto, trata-se de uma doutrina bíblica, que foi desenvolvida pelo apóstolo aos gentios, no contexto cultural greco-romano, enfatizando o aspecto judicial da salvação.
3.2. O SIGNIFICADO DE JUSTIFICAÇÃO
Justificação pode ser definida com o ato de Deus declarar o pecador perdoado, livre da condenação, e restaurado ao favor divino. Com base neste conceito, podemos fazer os seguintes destaques relativos à justificação.
3.2.1 O SENTIDO JUDICIAL DE JUSTIFICAÇÃO
Justificação é um ato judicial de Deus. Ela ocorre diante do tribunal divino e não na alma humana do homem, como acontece com a Regeneração.
A justificação significa que o pecador foi julgado em Cristo, está perdoado, é aceito como justo diante de Deus, e fica absolvido da condenação eterna (Jo 5. 24; Rm 8. 1, 33).
3.2.2 O PERDÃO NA JUSTIFICAÇÃO.
Justificação implica no perdão dos pecados, por isto não há mais condenação (cf. Lc 18. 14; Jo 5. 24; Rm 8. 1). Todos os pecados são tratados na justiça de Cristo, aqueles já cometidos e os que ainda vierem a ser praticados, pois o perdão remove toda a culpa do indivíduo diante do trono de Deus, e garante seu pleno livramento da condenação eterna. A provisão para o perdão dos pecados futuros já fora feita (1 Jo 2. 1,2). Entretanto, o justificado, ao cometer pecado, deverá confessá-lo e apropriar-se do perdão oferecido para não carregar o peso da culpa na sua consciência e sofrer os efeitos disto na sua relação com Deus (cf. Sl 32. 3-5; 51. 1-13).
3.2.3 RESTAURAÇÃO NA PRESENÇA DIVINA
A justificação vai além do perdão e da absolvição; há também um aspecto positivo: uma nova relação com Deus e nova condição de vida. Os justificados são recebidos diante de Deus como filhos amados e alvos de todos os favores da graça divina. A “adoção de filhos”, que é um ato legal e não natural, resulta da justificação (Rm 8. 15, 16). Junto com a adoção vem o direito de herança no reino de Deus (Rm 8. 17; 1 Pe 1. 4) e o recebimento do Espírito Santo (Gl 4. 6; Rm 8. 9ss).
Os justificados recebem “herança entre aqueles que são santificados” (At 26.18). Eles gozam da “paz com Deus”, e têm “acesso” à graça de Deus, e contam com a “esperança da glória de Deus” (Rm 5. 1,2). A justificação traz consigo a reconciliação do indivíduo com Deus e a certeza de salvação (Rm 5. 9, 10). Os favores divinos na justificação incluem também a garantia daquelas coisas futuras que acompanham a salvação: novo corpo, novo céu e nova terra, nova comunhão com Deus (Rm 8. 11, 23, 29, 30).
3.2.4 O SENTIDO ESCATOLÓGICO DA JUSTIFICAÇÃO
A justificação, como relação com o juízo final de Deus, tem um caráter essencialmente escatológico. É um ato de Deus presente que encontra sua substância num acontecimento futuro. Sem a realidade do juízo final de Deus a justificação não teria sentido.
Para o crente em cristo, Deus antecipa a decisão do futuro e o declara absolvido da condenação. Portanto, a justificação deve ser recebida pela fé, “esperança”, como toda a salvação (Rm 8. 24). Temos por certo algo que só haveremos de receber completamente no futuro.
3.2.5 A BASE DA JUSTIFICAÇÃO
Como pode Deus justificar o pecador sem que ele se torne injusto? A expiação de Cristo na Cruz responde a questão (Rm 3. 25, 26). O sofrimento de Cristo significa o pagamento da culpa de todos os nossos pecados, o cumprimento da Lei que condena, de modo que, unidos a Ele pela fé morremos com Ele e ficamos livres da condenação da Lei, e somos declarados justos e absolvidos da nossa condenação.
A base da justificação é a justiça alcançada pelo filho de Deus (2 Co 5. 14, 15, 19, 21).
V. CONTINUIDADE E CONSUMAÇÃO DA SALVAÇÃO
O arrependimento, a fé a conversão, a união com Cristo, à regeneração e a justificação são atos salvíficos que acontecem no início da vida cristã. Sem eles não se pode dizer que a pessoa recebeu a salvação. Mas durante toda a vida do crente, desenvolve-se nele a experiência de salvação, através do processo da santificação. No final da sua existência terrena, o crente é glorificado, consumando-se nele a gloriosa salvação. Em todo este processo, a graça de Deus atua de modo a garantir a vida eterna. Portanto, santificação, glorificação e preservação são os três tópicos que vamos estudar aqui.
1. SANTIFICAÇÃO
1.1 CONCEITO DE SANTIFICAÇÃO
Santificação é a obra contínua do Espírito Santo pela qual Ele vai conformando o crente à imagem de Cristo.
A palavra santificação traduz duas idéias básicas ou fundamentais: Separação para Deus e Purificação.
Santificação é o processo pelo qual o crente é separado do pecado e simultaneamente preservado e estimulado para a santidade e serviço a Deus. Esta separação para Deus implica em purificação (cf. Lv 11. 44ss; i Ts 4. 3; 5. 23).
Purificação moral é um elemento de santidade (1 Pe 1. 15; 2 Pe 1. 4). Por isto que santificação, como um processo contínuo, implica em mortificação constante do homem velho (Rm 6. 6; Gl 5. 24; Ef 4. 22) e renovação do homem novo (Ef 4. 24; Cl 3. 3-10).
A idéia de santificação aplicada aos cristãos deve ser vista sob três perspectivas, que podemos chamar de santificação posicional ou objetiva, santificação progressiva e santificação futura.
a) SANTIFICAÇÃO POSICIONAL OU OBJETIVA
No ato da regeneração, todos os crentes são santificados e, portanto, são santos, porque já estão separados para Deus e purificados (Rm 1. 7; At 9. 13; 1 Co 1.2; 2 Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.2).
b) SANTIFICAÇÃO PROGRESSIVA
Isto é, o Espírito Santo continua trabalhando na vida do cristão regenerado, a fim de que ele desenvolva o seu caráter e a sua personalidade, à luz do padrão perfeito, que é Cristo: neste sentido somos exortados a que nos santifiquemos ainda mais (Ef 4. 17ss; Cl 3. 1ss; 1 Ts 5. 23; Hb 12. 14; 1 Pe 1. 13ss). Significa que o Espírito Santo continua no processo da nossa separação para Deus e purificação, até o dia final, quando então seremos aperfeiçoados diante de Deus, e seremos perfeitos como Cristo o É (1 Jo 3. 2, 3): isto é a SANTIFICAÇÃO FUTURA.
1.2 ELEMENTOS DECISIVOS NA SANTIFICAÇÃO
1.2.1. O ESPÍRITO SANTO
É o Espírito Santo que efetua no crente a santificação, tanto aquela inicial (posicional) (Tt 3. 5; 1 Pe 1. 2) como a que se desenvolve durante a vida cristã (progressiva) (2 Co 3. 18; Rm 8. 13; Ef 3. 16; Gl 5. 16).
O Espírito Santo ensina, convence, guia a toda a verdade e fortalece o crente. Ele se dispõe a habitar em plenitude no crente para desenvolver no cristão a sua santificação (Ef 5. 18; Gl 5. 16). Sem essa presença abundante do Espírito na vida, o crente fica a mercê de suas fraquezas morais e espirituais.
1.2.2. UNIÃO COM CRISTO
A santificação acontece na união com Cristo. Santificação é o processo pelo qual o Espírito Santo torna cada vez mais real em nossa vida, nossa união com Cristo em sua morte e ressurreição. A vida cristã é uma questão de nos tornarmos em nível de caráter intrínseco o que já somos em Cristo. Tornar-se o que é (Ef 5. 8).
O cultivo da união consciente com Cristo é fundamental para o progresso da santificação (Jo 15. 4, 5; Gl 2. 20; Ef 3. 17).
1.2.3. A PALAVRA DE DEUS
A palavra de Deus é o instrumento do Espírito Santo na santificação do crente (Jo 17. 17; 2 Tm 3. 17; Jo 15. 3).
A palavra de Deus é viva e penetra até as profundezas da alma, sonda o íntimo, traz à luz da consciência o pecado, convence o crente a abandonar o erro, faz crescer (Hb 4. 12; 1 Pe 1.23; 2.2). Tudo isto Ela faz porque é uma palavra inspirada de Deus e é usada pelo Espírito Santo.
1.2.4. O ESFORÇO DO CRENTE
A santificação é uma obra do Espírito de Deus feita em cooperação com o crente. O indivíduo, como ser pessoal, é elemento decisivo na santificação. Ele há de buscar a vontade de Deus na sua palavra, precisa buscar o enchimento do Espírito Santo, deve ser submisso e obediente à palavra de Deus; O crente tem de lutar contra o pecado que ameaça alojar-se em sua vida, precisa deixar o pecado e consagrar-se inteiramente a Deus (cf. Rm 6.11-13; Cl 3. 5ss; Fl 2.12,13; 1 Pe 1. 13-22).
1.2.5. A ORAÇÃO
Elemento também decisivo na santificação da vida cristã é a oração. É pela oração que o crente cultiva sua relação com Aquele que é Santo e que santifica. Oração é o alimento da comunhão pessoal do santificado com o Santificador.
É na oração que se aguça a percepção espiritual, tanto para reconhecer os pecados na vida como para vislumbrar a glória da santidade de Deus. Desse contraste surge o quebrantamento e o arrependimento, que impulsionam a santificação (Is 51. 17; Is 57. 15).
2. GLORIFICAÇÃO
A salvação na vida do indivíduo opera-se em etapas diferentes. Ela tem um começo, um desenvolvimento e uma consumação. No começo da salvação destacamos o arrependimento, a fé, a conversão à união com Cristo, à regeneração e a justificação. Os três últimos são atos exclusivos de Deus na vida de quem se arrepende, crê e se converte a Cristo. No desenvolvimento da salvação temos a santificação. Na consumação, está a glorificação. É na glorificação que o crente pode experimentar a plenitude da salvação. Portanto, a salvação tem um tempo passado, outro presente e outro futuro. O conteúdo maior da experiência da salvação está no futuro (Rm 8. 24; 13. 11; 1 Pe 1. 3-5; 2. 1, 2; 1 Jo 3. 2).
2.1 O SIGNIFICADO DA GLORIFICAÇÃO
O termo glorificação aqui é empregado para designar tudo àquilo que está incluído na salvação futura, a partir da morte física, mas especialmente seguindo-se a volta de Cristo. Alguns textos ressaltam essa glória que será dos salvos (Rm 5. 2; 8. 18; 2 Co 4. 17; Cl 1. 27; 1 Pe 1. 4-9). As experiências de aflições do crente no mundo presente são amenizadas com a esperança de Glória no mundo vindouro.
2.2 ASPECTOS DA GLORIFICAÇÃO
Não sabemos tudo que está incluído na glorificação. Mas a Bíblia nos revela alguns aspectos dessa glória vindoura.
2.2.1. NOVO CORPO
Na ressurreição os crentes terão um novo corpo, corpo glorificado, isto é, adaptado as condições de existência do mundo vindouro (Lc 20. 35, 36; Rm 8. 23; 1 Co 15. 51ss; Fl 3. 21). Aquele corpo não estará mais sujeito as condições ou as leis desta criação, mas será corpo espiritual, quer dizer, regido por leis do espírito, da nova criação, tal qual o corpo ressurreto de Jesus.
2.2.2. NOVA COMUNHÃO COM DEUS
Novo céu e nova terra, nova Jerusalém, são expressões bíblicas que indicam uma nova habitação para os remidos do Senhor (Fl 3. 20; Hb 11. 16; 2 Pe 3. 13; Ap 21. 1-4). Se o pecado arruinou a morada de Deus com os homens aqui na terra, na redenção Deus proveu uma nova terra, nova morada, onde Deus estará com os homens.
2.2.3. NOVA COMUNHÃO COM DEUS
Nossa relação com o Pai e com o Filho neste mundo é pela fé. Estamos ausentes do Senhor (2 Co 5. 6).
Nossos privilégios de filhos de Deus são ainda precários (1 Jo 3. 2; Rm 8. 23, 26), mas na glorificação teremos uma aproximação perfeita com Deus e com Jesus Cristo (2 Co 5. 6-8; i Jo 3. 2; Ap 21. 3,4; 22.4). A promessa para o final é que veremos a sua face; e nas suas frontes estará o seu nome (Ap 22. 4).
2.2.4. LIBERTAÇÃO PLENA DO PECADO
Na justificação o crente é libertado da culpa e do castigo do pecado; na regeneração e na santificação a libertação é do poder do pecado na vida; na glorificação a libertação é não só das conseqüências e do poder do pecado, mas também da presença do pecado, e de modo completo. O pecado não mais existirá na alma nem no mundo dos salvos e não mais interferirá na relação com Deus e com o próximo. Os salvos são normalmente perfeitos (Hb 12. 23; 2 Pe 1.4; Ap 21. 27). Uma nova sociedade surgirá dos remidos de Cristo. Desta forma, a salvação estará consumada.
CONCLUSÃO
Portanto, a salvação tem um caráter essencialmente escatológico. As experiências de salvação desfrutadas no tempo presente são apenas indícios e antecipação parcial das bênçãos futuras. A fé e a esperança são agora as virtudes cristãs que ligam o crente do conteúdo escatológico da salvação. O amor é a conseqüência prática da fé e da esperança (Gl 5. 6; 1 Tm 1. 5; 2 Pe 1. 5-7).
Na visão escatológica da salvação, o crente encontra sentido e encorajamento para a sua vida cristã terrena. Sem esta perspectiva, “somos de todos os homens os mais dignos de lástima” (1 Co 15. 19).





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